Entre janeiro e julho de 2025, a ONU ajudou 1,5 milhões de pessoas na Venezuela, apenas 29% do previsto no Plano de Resposta Humanitária, anunciou hoje o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

"No primeiro semestre de 2025, a resposta humanitária na Venezuela alcançou 1,5 milhões de pessoas, das quais 58% eram mulheres e meninas, o que representa 29% da população-alvo estimada em 5,1 milhões", explica em um comunicado.

Segundo a OCHA, os setores que atenderam ao maior número de pessoas foram o da segurança alimentar, e meios de subsistência e nutrição (742 mil cidadãos), saúde (680 mil pessoas) e água, saneamento e higiene (309 mil pessoas).

"77 000 pessoas receberam apoio psicossocial, assistência individual de proteção, assistência jurídica e gestão de casos", explica ainda precisando que "36.000 mulheres grávidas e lactantes receberam pela primeira vez suplementos de micronutrientes".

Por outro lado, "13.500 pessoas de instituições estatais e da sociedade civil receberam assistência técnica em matéria de proteção de crianças e adolescentes" e "4.220 pessoas em situação de mobilidade foram atendidas" nos estados venezuelanos de Táchira, Apure, Zúlia, Miranda, Falcón e Sucre, "facilitando o seu acesso a serviços de proteção".

A resposta humanitária da ONU chegou a 298 municípios, cobrindo 89% dos 335 municípios do país.

As regiões do país com maior número de pessoas atendidas foram os estados de Zúlia (335.000), Miranda (247.000) e Bolívar (115.000).

A resposta humanitária da ONU, em 2025, teve lugar num contexto de "financiamento limitado", uma vez que "em 30 de junho, os doadores haviam contribuído com 58 milhões de dólares (aproximadamente 49,485 milhões de euros), o que equivale a 8,4% dos 606,5 milhões de dólares necessários (aproximadamente 515,465 milhões de euros) para o ano".

"Esse nível de financiamento é o mais baixo desde o estabelecimento do Plano de Resposta Humanitária (PRH), posicionando a Venezuela como uma das respostas mais subfinanciadas a nível global", sublinha o Relatório Periódico de Monitoramento (RPM).

Apesar deste cenário, segundo a OCHA, "os parceiros implementadores conseguiram manter um nível de cobertura semelhante ao do ano anterior".

"Isso deve-se, em grande parte, ao facto de muitas das atividades executadas no primeiro semestre contarem com apoio financeiro proveniente de 2024, bem como à capacidade das organizações de ajustar as suas modalidades de implementação, priorizando ações que permitem manter o alcance populacional por meio de serviços de aconselhamento, capacitação e otimização contínua dos recursos disponíveis, respondendo de forma flexível às condições operacionais", explica.

No entanto, "setores-chave como saúde, água, saneamento e higiene, proteção, nutrição e segurança alimentar sofreram reduções significativas em serviços especializados e individualizados, afetando especialmente crianças, mulheres e comunidades em situação de vulnerabilidade".

"A falta de recursos coloca em risco a continuidade de serviços essenciais e evidencia a necessidade urgente de mobilizar novos fundos para evitar uma maior deterioração na cobertura e na capacidade de manter padrões adequados na prestação da resposta humanitária", lê-se no documento.

Segundo a OCHA a atenção foi prestada por 111 organizações humanitárias, 63 delas nacionais e locais.