
Não haverá "nenhuma declaração separada" sobre a Ucrânia, "porque os norte-americanos queriam diluí-la", acrescentou à agência France-Presse (AFP) fonte do Governo anfitrião da cimeira dos líderes do G7, que teve hoje o último dia com a presença do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Os outros seis membros do G7, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo, concordaram com uma "linguagem forte", mas uma declaração conjunta exigiria a aprovação dos EUA.
"Considerando que os norte-americanos estão a agir como intermediários neste momento, tentando negociar um acordo com a Rússia em relação à guerra na Ucrânia", não concordaram, explicou a fonte do Governo canadiano.
"Assim, optámos por usar o que estava na declaração que deveria ser divulgada e incluir toda a linguagem forte sobre a Ucrânia na declaração do presidente do G7, o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney", acrescentou a mesma fonte.
Embora a questão do conflito na Ucrânia estivesse na agenda das discussões conjuntas para hoje, também foi discutida na segunda-feira, quando o Presidente Trump esteve presente.
O Presidente ucraniano marcou presença na cimeira para defender a causa do seu país e pedir mais sanções contra a Rússia, sobretudo ao Presidente norte-americano.
Zelensky lembrou, no entanto, que não teve oportunidade de se reunir com Trump, com quem mantém uma relação conturbada, uma vez que o republicano saiu mais cedo da cimeira para se concentrar no conflito entre Israel e o Irão.
Sem Trump, o G7 concentrou-se hoje na ajuda à Ucrânia. Zelensky chegou a Kananaskis, nas Montanhas Rochosas canadianas, no momento em que Kiev era atingida por um dos bombardeamentos mais violentos desde a invasão russa, em fevereiro de 2022, matando pelo menos 14 pessoas na capital.
Este ataque russo demonstrou, segundo Zelensky, a necessidade de um maior apoio dos aliados ao seu país.
Na sequência do ataque e do apelo do governante ucraniano, o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, anfitrião da cimeira, anunciou que o seu país iria fornecer à Ucrânia 1,27 mil milhões de euros em nova ajuda militar, incluindo drones e veículos blindados.
Carney anunciou também um novo empréstimo de 1,46 mil milhões de euros à Ucrânia para ajudar a reconstruir as suas infraestruturas.
Otava juntou-se também a Londres no reforço das sanções contra a "frota fantasma" de navios da Rússia, utilizada para contornar as sanções internacionais às suas vendas de petróleo.
"Estas sanções atingem diretamente o coração da máquina de guerra de Putin, para sufocar a sua capacidade de continuar a sua guerra bárbara na Ucrânia", frisou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
Mas Donald Trump, que se gaba a todo o momento da sua relação especial com o Presidente russo, Vladimir Putin, não escondeu na segunda-feira o seu ceticismo sobre possíveis novas medidas contra Moscovo.
"As sanções não são assim tão simples", apontou, sublinhando que qualquer nova medida teria também um custo "colossal" para os Estados Unidos.
DMC // MAG
Lusa/Fim