
Em comunicado, o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, criticou a contínua detenção arbitrária de trabalhadores humanitários, avaliando tratar-se de "uma profunda injustiça" para quem dedica a vida a prestar assistência e apoio vitais ao povo do Iémen.
Guterres voltou ainda a condenar a morte de um trabalhador do Programa Alimentar Mundial (PAM) durante a detenção no início deste ano, frisando que os Huthis ainda não forneceram uma explicação "para esta deplorável tragédia".
O antigo primeiro-ministro português insistiu na necessidade de uma investigação e responsabilização imediatas, transparentes e completas.
De acordo com o líder da ONU, os ataques e detenções de trabalhadores humanitários acarretam restrições adicionais à capacidade das Nações Unidas e outras organizações de operarem eficazmente no país e minam os esforços de mediação para garantir um caminho rumo à paz.
"Repito: insto os Huthis a libertarem imediatamente os detidos arbitrariamente. Particularmente por ocasião do Eid Al-Adha [feriado islâmico], este que é um momento para demonstrar compaixão e pôr fim ao sofrimento das famílias que enfrentam a celebração de mais um feriado sem os seus entes queridos", insistiu.
As Nações Unidas vão continuar a trabalhar através de todos os canais possíveis para garantir a libertação segura e imediata desses trabalhadores, garantiu Guterres, apelando ainda aos Estados-membros para que continuem a manifestar solidariedade aos detidos e a intensificar a defesa da libertação.
Desde 31 de maio de 2024, os rebeldes detiveram 13 funcionários das Nações Unidas e pelo menos 50 trabalhadores de organizações da sociedade civil iemenitas e internacionais, disseram as organizações não-governamentais (ONG) Human Rights Watch (HRW) e a Amnistia Internacional (AI) num comunicado conjunto.
Os Huthis apenas libertaram até à data um membro do pessoal da ONU, cinco funcionários de ONG e um trabalhador de uma missão diplomática.
Pelo menos 50 pessoas continuam detidas atualmente "sem acesso adequado a advogados ou às famílias, e sem qualquer acusação", denunciaram ainda a HRW e a AI na semana passada.
Contudo, desde 2021 que os Huthis vêm detendo vários funcionários das Nações Unidas, de ONG nacionais e internacionais, organizações da sociedade civil e missões diplomáticas.
Estas detenções, repetidamente denunciadas pela ONU, surgem no meio de uma crise humanitária cada vez mais profunda no Iémen, onde quase uma década de conflito entre rebeldes e autoridades internacionalmente reconhecidas deixou 17,6 milhões de pessoas -- metade da população -- em situação de insegurança alimentar.
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