
O Hamas divulgou hoje um vídeo de dois reféns israelitas sequestrados durante o ataque do grupo islamita palestiniano a Israel em 07 de outubro de 2023 e que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.
O vídeo, com mais de três minutos e meio de duração, mostra um refém num carro a viajar entre edifícios destruídos, pedindo em hebraico ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que não realize a planeada ofensiva militar israelita contra a Cidade de Gaza.
O refém, filmado a encontrar outro refém no final do vídeo, afirma estar na Cidade de Gaza e que a gravação foi realizada em 28 de agosto de 2025.
A agência de notícias AFP afirmou que não conseguiu verificar a autenticidade do vídeo, nem a data em que foi gravado.
Este novo vídeo, referiu a agência de notícias EFE, assinala os 700 dias do início da ofensiva israelita contra Gaza, com o refém Guy Gilboa-Dalal ao lado de Evyatar Daviv.
Este é o segundo vídeo com Gilboa-Dalal, depois de o Hamas ter publicado outro vídeo do jovem israelita em fevereiro.
Nestas últimas imagens, Gilboa-Dalal disse em hebraico estar que está em cativeiro há 22 meses, o que pode indicar que o vídeo foi gravado recentemente, de acordo com a EFE.
A família pediu que estas imagens não sejam divulgadas nos meios de comunicação social.
De acordo com o jornal israelita Haaretz, o Exército alertou as famílias dos reféns que, em plena campanha militar para conquistar a Cidade de Gaza, o Hamas vai aumentar o "terrorismo psicológico" publicando mais vídeos para pressionar o Governo israelita.
O Exército indicou ainda que a nova ofensiva contra a Cidade de Gaza "aumenta a probabilidade de os reféns serem feridos ou mortos, e de os mortos desaparecerem", acrescentou o Haaretz.
Famílias dos reféns criticam ofensiva e organizam manifestações
As famílias dos reféns mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza realizam hoje manifestações em vários pontos de Israel para criticar os planos do governo israelita de ocupação do norte do enclave palestiniano.
As manifestações foram organizadas pelo Fórum das Famílias dos Reféns e assinalam os 700 dias do início da ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza.
Em comunicado, as famílias pretendem homenagear os 48 reféns ainda mantidos em cativeiro.
"Os nossos 48 entes queridos correm o risco de serem mortos e perdidos para sempre nas ruínas de Gaza", lamentou o organismo, numa crítica aos planos do governo israelita para ocupar a cidade de Gaza através de uma ofensiva militar de grande escala.
As famílias pediram ao governo israelita que regresse aos canais diplomáticos para pôr fim à ofensiva em curso e lembraram que existem contactos entre as partes sobre a entrega dos reféns e o fim da guerra.
Hoje, na chamada Praça dos Reféns, em Telavive, um grupo de ativistas exibiu uma grande placa com a palavra "SOS" ("Save Our Souls") no chão, junto a uma ampulheta, para realçar que o tempo está a esgotar-se para os reféns.
Numa outra manifestação em Kiryat Gat, no sul de Israel, Silvia Cunio, cujos dois filhos Ariel e David continuam reféns em Gaza, declarou que a família está a sofrer "por causa de uma política patética".
"Já chega. Acabem com a guerra, tragam-nos para casa", acrescentou.
No mesmo protesto, Arbel Yehud, uma refém libertada, lembrou o longo período que passou em cativeiro e realçou que "cada minuto é uma eternidade e que cada segundo coloca em perigo a vida dos reféns".
São esperados hoje mais protestos em diferentes pontos do país, incluindo junto à residência do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, já durante a noite.
O governo de Israel lançou a ofensiva contra Gaza a 07 de outubro de 2023, após ataques do movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, nos quais 1.200 pessoas morreram e 251 foram feitas reféns.
Israel e o Hamas assinaram apenas acordos de cessar-fogo em que trocaram reféns por prisioneiros palestinianos.
O último acordo foi assinado em janeiro mas o governo israelita violou o tratado em março, retomando os bombardeamentos contra o enclave palestiniano.
Nos 700 dias de ofensiva, mais de 64 mil palestinianos foram mortos por Israel em ataques contra casas, hospitais, escolas, universidades e abrigos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
Países como a África do Sul denunciaram esta ofensiva perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) como genocídio, denúncia feita também por organizações de defesa dos direitos humanos internacionais e israelitas.