
A Madeira foi a região do País que mais se destacou nos dados analisados pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), no âmbito do AHP Hotel Snapshot referente ao primeiro trimestre do ano.
Em nota emitida, a AHP revela que a Madeira registou uma taxa de ocupação de 71% (mais 3 pontos percentuais do que em 2024), uma Tarifa Média de Quarto (ARR) de 103 euros (mais 16%) e uma Receita por Quarto Disponível (RevPAR) de 73 euros (mais 21%).
No todo nacional, o sector da hotelaria em Portugal iniciou o ano de 2025 com uma moderada trajetória positiva, registando um total de 5,6 milhões de hóspedes (mais 2% face ao período homólogo de 2024) e 13,4 milhões de dormidas (menos 0,5%). Os proveitos totais ascenderam a 956 milhões de euros, o que representa um crescimento de mais 5% face ao 1.º trimestre do ano anterior.
Embora a alteração relativa à Páscoa, que este ano ocorreu em abril e em 2024 em março, tenha impactado negativamente a performance de alguns mercados emissores internacionais neste trimestre, o setor manteve um bom desempenho, sobretudo devido ao contributo do mercado nacional. O número de hóspedes residentes aumentou em 5% e as dormidas em 3%, face a igual período de 2024. Já o número de hóspedes não-residentes cresceu apenas 0,2%, tendo as dormidas caído 2%. Contudo, em várias regiões, destaque para a boa performance dos mercados Estados Unidos, Canadá e Polónia.
Além dos destaques da Madeira, as regiões com melhor desempenho em ambos os mercados, interno e externo, foram a Península de Setúbal e os Açores, ambas com aumentos de 10% no número de hóspedes e 7% nas dormidas. A Grande Lisboa registou o maior aumento absoluto de hóspedes, embora com uma ligeira quebra nas dormidas.
Quanto aos mercados emissores internacionais, os Estados Unidos mantiveram a trajetória ascendente, ainda que mais moderada, com crescimentos de 2% em hóspedes e 1% em dormidas. A Polónia foi o mercado com maior crescimento percentual, com um expressivo aumento de 26% em ambos os indicadores, conquanto represente, em termos de volume geral, apenas 3% de hóspedes não-residentes e 4% de dormidas de não-residentes. Espanha, apesar de continuar a liderar em termos absolutos, registou quebras relevantes, menos 13% nos hóspedes e menos 22% nas dormidas, associadas ao efeito calendário da Páscoa. Também o Reino Unido e a França verificaram quebras em ambos os indicadores, decrescendo 3% e 5%, respetivamente, em hóspedes, e nas dormidas, onde o mercado inglês caiu 5% e o francês 6%.
O tráfego aéreo acompanhou a evolução, com os aeroportos nacionais a movimentarem 13,7 milhões de passageiros no trimestre (mais 2%). Destacaram-se duas novas rotas com impacto directo no turismo: Funchal/Amesterdão (EasyJet) e Lisboa/Varsóvia (LOT Polish Airlines), que contribuíram para o aumento do número de hóspedes oriundos dos Países Baixos, para a Madeira, e da Polónia.
Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP, sublinha que “os resultados do primeiro trimestre demonstram que foi o mercado interno a impulsionar o setor hoteleiro, com crescimento de hóspedes e dormidas, em compensação com a estabilização de hóspedes e ligeira queda das dormidas internacionais, em quase todos os destinos (exceção para os Açores e para a Península de Setúbal). Claro que o trimestre foi afetado pelo calendário da Páscoa.” Ainda que tenha havido crescimento, a responsável regista que “o mercado nacional se caracteriza por estadias mais curtas, pelo que nunca compensa totalmente o volume perdido nas dormidas dos mercados internacionais. É muito interessante registar que estes números revelam não só a disponibilidade dos residentes em viajar dentro do país, como também a relevância do mercado interno e a maturidade do sector em dar resposta à procura interna.” Por fim, refere que os dados de abril, período da Páscoa, confirmam um crescimento homólogo em hóspedes no mercado interno (mais 10%), e que os dados provisórios de maio seguem a mesma tendência (mais 5%), “o que convida à reflexão”.
A dirigente da AHP destaca ainda que o comportamento dos mercados internacionais, no primeiro trimestre, e nos meses referidos acima onde se registou novamente um crescimento homólogo, “é também sinal de vitalidade e, sem surpresas, que o posicionamento de Portugal nos mercados emissores não é uniforme, nem estático”.
Ao nível económico, o sector do turismo representou 13% das exportações de bens e serviços, com receitas totais de 4,9 mil milhões de euros (mais 4%), segundo dados da Balança de Pagamentos do Banco de Portugal. Os principais mercados emissores de receitas, em termos absolutos, foram o Reino Unido, que, apesar de não ter crescido, manteve o 1º lugar no pódio, a Alemanha, mais 4%, apesar de ter perdido hóspedes e dormidas, e os Estados Unidos, mais 8%, tendo sido o mercado que mais cresceu.
No mesmo período, a AHP estima que tenham aberto ou reaberto 47 empreendimentos de turismo em espaço rural e de habitação, 11 hotéis, 3 parques de campismo e/ou caravanismo e 1 hotel-apartamento.