Desde o primeiro Governo de Luís Montenegro, que a ministra da Saúde tem enfrentado várias polémicas, levando muitas vezes a oposição a exigir a sua demissão. No entanto, Ana Paula Martins garante que está de "consciência tranquila" e que não vai "fugir aos problemas".

Em entrevista à SIC, a ministra da Saúde começa por afirmar que "não está tudo feito" na área da obstetrícia e que será necessário tempo até se conseguir estabilizar a situação — nomeadamente na zona da Península de Setúbal, que, segundo Ana Paula Martins, é a mais crítica do país.

Questionada sobre se os portugueses terão de se habituar a ter urgências constantemente encerradas no país, a ministra relembra que a capacidade de resposta destes serviços se foi deteriorando após o período da pandemia, sobretudo devido à falta de recursos humanos. Ainda assim, reforça que: "não podemos normalizar a ideia de que ter urgências fechadas é normal."

Acrescenta que foram feitas melhorias ao longo do último ano, mas sublinha que é preciso mais tempo para consolidar mudanças. Recorda ainda que não só Portugal, mas também outros países da Europa, estão a redesenhar os seus sistemas de urgência.

"Sinto de perto o que estas mulheres sentiram"

Uma das polémicas que tem assombrado o Ministério da Saúde nos últimos dias é o caso de duas mulheres que perderam os seus bebés após terem sido encaminhadas para hospitais fora da sua zona de residência.

Ana Paula Martins disse compreender profundamente a dor das mulheres afetadas e reconheceu que não há palavras de consolo: "Sinto de perto o que estas mulheres sentiram", afirmou. No entanto, relembra que ainda há limites naquilo que a medicina consegue resolver.

"O privado nunca substituirá o SNS"

Quanto à falta de recursos humanos nos serviços hospitalares, a ministra da Saúde defende que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) deixou de ser atrativo para os médicos, especialmente para os mais jovens, que, hoje em dia, valorizam mais do que nunca a qualidade de vida e a flexibilidade de horários de trabalho. Relembra ainda que muitos profissionais se estão a reformar ou a optar pelo setor privado.

Mais uma vez, volta a reforçar a ideia de que a transformação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) levará tempo, embora não apresente metas concretas para o cumprimento desse objetivo.

PSD quer retirar conceito de violência obstétrica da lei

O PSD quer eliminar da legislação o conceito de violência obstétrica e recuar na penalização de episiotomias injustificadas — o corte do períneo durante o parto sem justificação clínica. A proposta visa remover da lei o artigo que prevê sanções para hospitais e profissionais de saúde que realizem este tipo de intervenção de forma indevida.

Sobre este recuo, a ministra da Saúde defende que leis como esta precisam de ser alvo de "aperfeiçoamentos" e sublinha que muitas das práticas, incluindo a realização de episiotomias, são feitas com o objetivo de "salvar a mãe e o bebé".

[Última atualização às 21:58]