O partido ultraortodoxo Shas anunciou hoje que vai abandonar a coligação governamental em Israel, deixando o executivo liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em minoria no parlamento.

O Shas é o segundo partido ultraortodoxo a deixar a coligação que garantia a Netanyahu uma maioria no parlamento israelita, depois de na terça-feira o partido Judaísmo Unido da Torá (UTJ) ter anunciado a sua saída.

O partido afirmou que vai abandonar a coligação devido à recusa de Netanyahu de aprovar uma lei que isenta os estudantes da 'yeshiva' (escola talmúdica) do serviço militar, de acordo com os meios de comunicação social locais.

Contudo, o Shas afirmou que não pretende prejudicar a coligação de Netanyahu, admitindo que poderá votar ao lado do primeiro-ministro em algumas leis, continuando assim a viabilizar o Governo que de outra maneira poderia colocar em causa.

Já o UTJ afirmou que os seus sete deputados iriam abandonar a coligação por divergências em torno de um projeto de lei que visava regulamentar as amplas isenções de recrutamento militar para judeus ultraortodoxos.

Quando estas saídas forem efetivas, a coligação de Netanyahu terá 50 lugares no parlamento de 120 lugares.

O líder da oposição Yair Lapid, do partido Yesh Atid, escreveu hoje na rede social X que "a partir de hoje, o Estado de Israel tem um governo minoritário. Não tem autoridade; é um governo ilegítimo".

O anúncio do Shas também acontece pouco antes de os legisladores entrarem em férias de verão, o que dá a Netanyahu vários meses de pouca ou nenhuma atividade legislativa.

Mas com uma coligação fraturada, Netanyahu sentirá mais pressão para apaziguar os seus outros aliados no Governo, especialmente a influente ala da extrema-direita, que se opõe ao fim da guerra de 21 meses na Faixa de Gaza.

Estes anúncios ocorrem num momento em que prosseguem no Qatar negociações indiretas entre Israel e o grupo extremista palestiniano Hamas para um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Benjamin Netanyahu regressou ao poder em dezembro de 2022, assumindo então a liderança de um Governo integrado por partidos ultraortodoxos e de extrema-direita, o executivo mais à direita da história do país.