Em entrevista à Lusa, o presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas, explicou que a empresa concluiu ser necessário otimizar a experiência de viagem com recurso às ferramentas digitais, daí ter encetado "uma revolução digital nestes últimos três anos" que começou a dar frutos no ano passado.

"Concentrámo-nos primeiro na questão da acessibilidade ao serviço. Em março do ano passado entrou em produção a nossa nova aplicação, CARRISway, que permite o carregamento dos passes no telemóvel. Teve uma adesão fantástica", começou por explicar.

A Carris está sob gestão da Câmara Municipal de Lisboa desde 2017 e opera o serviço público de autocarros da cidade, bem como elétricos e ascensores de rua.

À possibilidade de carregar os títulos de transporte, no cartão Navegante, através do telemóvel, foi acrescentada já no ano passado a possibilidade de pagamento da tarifa de bordo com QR Code, MBway, Via Verde e, em novembro, ficou disponível o pagamento com o cartão bancário 'contactless'.

Agora, a aplicação disponibiliza toda a informação útil para o passageiro viajar na Carris - disponibilidade imediata de informação sobre as carreiras e horários, em tempo real, e as paragens mais próximas.

De acordo com Pedro Bogas, desde novembro a Carris registou "mais de um milhão de validações com o cartão bancário, quase 80% com cartões estrangeiros, o que mostra que os turistas aderiram muito a este modo de pagamento".

O representante sublinhou que a "revolução ao nível dos modos de pagamento" tornou o acesso ao autocarro mais rápido e mais fácil para os clientes, ficando-se também sem o motorista preso nas funções de cobrança.

"Agora estamos este ano apostados na questão do planeamento de viagem [...]. E utilizámos a nossa aplicação CARRISway para desenvolver um módulo que permite, com mais rigor, de forma mais fiável, saber qual é exatamente o tempo de espera para o nosso autocarro e, ao mesmo tempo, a localização real dos nossos autocarros, pois é a referenciação", explicou.

A par da aplicação, está a ser realizado um "grande investimento ao nível dos painéis de informação", já que, segundo o presidente, o parque existente "é antigo" e até do ponto de vista estético "levanta algumas questões".

"Acima de tudo, já não fornece informação com qualidade, fiável, porque há questões de 'software' que já não se conseguem resolver. Então, concluímos, evidentemente, que tínhamos que mudar o parque de painéis", reconheceu.

Pedro Bogas explicou ter sido feito um teste piloto com novos painéis, que correu "bastante bem", pelo que vão ser encomendados, numa primeira fase, 100 painéis para colocar nas várias paragens que não têm abrigo. Muitos dos novos abrigos, recordou, já têm a informação digital.

Deixam então de haver nas paragens informação em papel, que implicava um processo demorado quando tinha de ser atualizada. As paragens "vão ter tambem informação sonora", muito importante para os invisuais.

"Os clientes, em geral, apreciam a informação sonora. Aliás, na ferrovia, é uma aposta a informação sonora, portanto, é também aqui uma informação muito relevante e um passo que estamos a dar muito importante", explicou.

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