
O líder do CDS-PP, Nuno Melo, que nos anos 90 teve "o privilégio" de jurar bandeira na Escola Prática de Cavalaria de Santarém, volta agora a tutelar a Defesa, depois de ter sido deputado e eurodeputado.
A 29 de março de 2024, um dia depois de ter sido indicado para o cargo de ministro da Defesa pela primeira vez, Nuno Melo publicava no seu Instagram um vídeo de vários cadetes, dispostos em fileira, e recuava 32 anos no tempo.
As imagens faziam referência ao dia em que Nuno Melo teve "o privilégio de Jurar Bandeira na Escola Prática de Cavalaria de Santarém", experiência que recordou por diversas vezes durante o seu primeiro mandato.
João Nuno Lacerda Teixeira de Melo nasceu a 18 de março de 1966 em Joane, Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga.
Pai de gémeos, um menino e uma menina, é licenciado em Direito e foi advogado de profissão, antes de se dedicar à carreira política.
Conhecido amante de carros antigos, chegou à Assembleia da República na VIII legislatura, em 1999, eleito por Braga.
Fez-se notar em várias das comissões de inquérito que investigaram a queda do avião que vitimou o ex-primeiro-ministro Sá Carneiro e o ex-ministro da Defesa Amaro da Costa em Camarate, em 4 de dezembro de 1980, presidindo a uma delas, e teve também um papel central num outro inquérito parlamentar sobre o Banco Português de Negócios.
Foi um dos rostos em ascensão na primeira liderança de Paulo Portas e, quando este deixou a presidência do partido, em 2005, também um dos primeiros a verbalizar as saudades do antigo líder quando José Ribeiro e Castro presidia aos centristas.
Ribeiro e Castro viria a retirar-lhe a confiança política o que culminou na sua demissão de líder da bancada do CDS-PP em 2007.
Com o regresso de Portas à presidência do CDS-PP, Nuno Melo subiu a vice-presidente da Assembleia da República.
Em 2009, foi pela primeira vez cabeça de lista ao Parlamento Europeu, onde se manteve até 2024. Dois anos antes, foi eleito presidente do CDS-PP, depois do desaire eleitoral que levou o partido a sair do parlamento pela primeira vez na sua história.
Em 2024, o CDS-PP concorreu coligado com o PSD às eleições legislativas e conseguiu regressar ao parlamento, e Melo assumiu então o cargo de ministro da Defesa.
No primeiro ano à frente da tutela, aprovou um pacote de medidas focado no aumento de remunerações dos militares e apoios destinados a antigos combatentes.
Pelo meio, foi ao parlamento negar ter defendido Serviço Militar Obrigatório como pena alternativa para jovens que cometam pequenos delitos, e defendeu que Olivença "é portuguesa", afirmação que gerou críticas de vários partidos da oposição.
Em novembro, numa altura em que se já se falava numa eventual candidatura presidencial de Gouveia e Melo, na altura Chefe do Estado-Maior da Armada, Nuno Melo encontrou-se informalmente com o almirante num bar na capital mas até hoje o líder do CDS-PP não se comprometeu com um apoio ao almirante.