
O Papa Francisco doou um dos seus papamóveis para ser convertido numa unidade móvel de saúde para as crianças da Faixa de Gaza, indicaram hoje as autoridades.
As delegações de Jerusalém e da Suécia da organização de solidariedade social Caritas, do Vaticano, divulgaram fotos do veículo adaptado, doado pelo Papa pouco antes de morrer, a 21 de abril, aos 88 anos.
Não se sabe, contudo, quando é que poderá ser utilizado. A doação foi anunciada no mesmo dia em que Israel aprovou planos para tomar a Faixa de Gaza e permanecer no território palestiniano por um período de tempo não especificado.
"Quando o corredor humanitário para a Faixa de Gaza reabrir, ele [o papamóvel] estará preparado para prestar cuidados de saúde primários às crianças de Gaza", afirmou a Caritas Jerusalém num comunicado.
O veículo será equipado com material de diagnóstico, exame e tratamento. A Caritas afirmou que o veículo terá equipamento para testes clínicos, estojos de sutura, seringas e agulhas, fornecimento de oxigénio, vacinas e um frigorífico.
"Este veículo representa o amor, o cuidado e a proximidade demonstrados por Sua Santidade em relação aos mais vulneráveis, que ele expressou durante toda a crise", declarou o secretário-geral da Caritas Jerusalém, Anton Asfar, num comunicado.
Durante a guerra de Israel na Faixa de Gaza, Francisco tornou-se cada vez mais franco nas críticas às duras táticas militares israelitas, ao mesmo tempo que instava à libertação dos reféns feitos pelo movimento islamita palestiniano Hamas no ataque de 07 de outubro de 2023.
No ano passado, o Papa argentino apelou para uma investigação para apurar se a guerra de Israel naquele sobrelotado e pobre enclave palestiniano, que já matou mais de 52.500 civis, constitui um genocídio, uma acusação que Israel nega veementemente.
Jorge Mario Bergoglio falou repetidas vezes sobre a situação das pessoas em Gaza e tinha um ritual noturno que manteve mesmo enquanto esteve no hospital, em fevereiro, com uma pneumonia dupla: telefonava para a única igreja católica na Faixa de Gaza para saber como estavam as pessoas que lá se encontravam refugiadas.