
O Departamento de Defesa (Pentágono) norte-americano planeia enviar hoje cerca de 700 fuzileiros para a cidade de Los Angeles para apoiar militares da Guarda Nacional na resposta aos protestos contra a detenção de imigrantes, segundo altos responsáveis.
De acordo com a agência AP, que obteve junto de três fontes anónimas confirmação da decisão de envio dos militares, estes partirão da base em Twentynine Palms, no deserto do sul da Califórnia, para a maior cidade do estado.
O envio dos militares foi inicialmente noticiado pela CNN, que também apontou o envio de 700 efetivos, embora alguns media apontem para um dispositivo inferior.
Um alto funcionário norte-americano confirmou à AFP o envio de 500 militares, devido "ao aumento das ameaças contra as autoridades federais e os edifícios federais", que terão como missão proteger.
Visando reprimir protestos isolados em Los Angeles, após dias intensos de rusgas contra a imigração ilegal, Trump ordenou o envio de dois mil soldados da Guarda Nacional, apesar da oposição do governador da Califórna, o democrata Gavin Newsom.
No domingo algumas tropas foram enviadas para as instalações do Serviço de Imigração e Alfândegas (ICE, na sigla em inglês) localizadas no centro da maior cidade do estado.
Esta foi a primeira vez em 60 anos que um Presidente dos Estados Unidos mobilizou a Guarda Nacional de qualquer estado sem a autorização do governador responsável, que é o comandante chefe das forças militares estaduais.
Newsom reagiu hoje às notícias do envio dos fuzileiros considerando a decisão "anti-americana" e fruto de instintos ditatoriais de Donald Trump.
"Os fuzileiros serviram com honra em diversas guerras em defesa da democracia. Eles são heróis. Não deveriam ser enviados para solo americano, enfrentando os seus próprios compatriotas, para realizar a fantasia demente de um presidente ditatorial", afirmou Newsom na rede social X.
A informação ainda não foi confirmada oficialmente pela Casa Branca, mas questionado horas antes sobre um possível envio de fuzileiros para a cidade, o Presidente republicano não descartou a possibilidade.
"Veremos o que acontece", respondeu Trump, apesar de fazer uma avaliação positiva do controlo dos protestos.
"Acho que temos tudo sob controlo. Acho que teria sido uma situação muito má. Estava a ir na direção errada. Agora está a ir na direção certa", adiantou o Presidente norte-americano, que como habitualmente atribuiu a si próprio o sucesso.
Nos últimos dias, o Presidente republicano intensificou os ataques contra Gavin Newsom, considerado uma esperança para o seu partido nas eleições presidenciais de 2028, enquanto Los Angeles foi abalada pelos confrontos entre as autoridades policiais e os manifestantes contra a política de imigração do Governo.
O procurador-geral da Califórnia e Gavin Newson anunciaram hoje que "estão a processar Donald Trump" e a pedir ao tribunal que anule a ação do Presidente de "federalizar a Guarda Nacional da Califórnia".
As autoridades estaduais vão pedir uma ordem de restrição para interromper a mobilização, numa ação que, segundo o procurador, será apresentada ainda hoje.
Newsom acusou o executivo de Trump de criar um "espetáculo" e semear o "caos" com as detenções de imigrantes pelo ICE na Califórnia desde sexta-feira.
Dirigindo-se a Tom Homan, o principal conselheiro de imigração de Donald Trump e arquiteto da sua política de deportação em massa de imigrantes ilegais, Newsom desafiou-o no domingo a prendê-lo por não obedecer ao governo federal.
Questionado hoje à chegada à Casa Branca sobre estas declarações, Donald Trump respondeu: "Eu faria isso se fosse o Tom [Homan]", acrescendo que "seria ótimo, [o governador] fez um trabalho horrível".
Logo de seguida, Gavin Newsom ripostou na rede X, condenando: "O Presidente dos Estados Unidos acaba de pedir a prisão de um governador em exercício", numa linha que "não pode ser ultrapassada como nação" e num "um passo inegável em direção ao autoritarismo".