"Nós planeamos reduzir os gastos [com Defesa] e eles [países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte -- NATO] planeiam aumentá-los. E quem é que aqui é agressivo?", perguntou Putin, durante a conferência de imprensa que marcou o final de uma cimeira da União Económica Eurasiática (UEE), que decorreu nos últimos dias em Minsk, na Bielorrússia.

O chefe do Kremlin precisou que este plano está traçado "para os próximos três anos" e revelou que atualmente as necessidades militares do país estão nos 6,3% do seu Produto Interno Bruto (PIB), o que "não é pouco".

Ao mesmo tempo, reconheceu que "ainda não há um acordo definitivo" entre os ministérios russos da Defesa, das Finanças e do Desenvolvimento Económico, sublinhando que "em geral, todos pensam nessa direção".

Nestas declarações, o líder russo insistiu que "a Europa está a pensar em como aumentar as despesas" com a Defesa.

"Então, quem se prepara para algum tipo de ação agressiva? Nós ou eles?", voltou a questionar Putin, que reconheceu que a Rússia quer acabar com a guerra na Ucrânia "com um resultado que convenha" ao país.

"Contamos com isso [que os gastos cubram]. É precisamente com isso que contamos, e não com planos agressivos em relação à Europa e aos países da NATO. Nós planeamos reduzir os gastos, e eles planeiam aumentá-los", repetiu.

Por outro lado, mostrou-se convencido de que o aumento das despesas militares "não irá melhorar a situação da segurança" na Europa, mas terá um impacto negativo na sua economia.

"Nós, pelo menos, gastamos biliões (de rublos) principalmente para apoiar a nossa indústria militar (...) e eles [os países europeus] vão gastar os seus 5% na compra [de armamento] nos Estados Unidos e no apoio ao seu complexo militar-industrial. Mas isso é assunto deles", salientou.

Putin repetiu com insistência que a Rússia "não é agressiva" e mostrou-se surpreendido com o facto de, no Ocidente, se falar simultaneamente do mau estado da economia russa e dos seus supostos planos de atacar a NATO.

"Isso parece lógico?", prosseguiu o governante.

Na quinta-feira, também o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, minimizou a importância para a segurança da Rússia do acordo dos 32 aliados da NATO de aumentar para 5% do PIB os gastos com Defesa até 2035.

Para Lavrov, a decisão da Aliança Atlântica é, na realidade, "uma ameaça para os contribuintes dos países da União Europeia e do Reino Unido".

Os líderes da NATO concordaram na quarta-feira, numa cimeira em Haia, em aumentar de 2% para 5% do PIB os gastos com defesa até 2035 (3,5% para gastos militares puros e 1,5% para gastos relacionados).

A nova percentagem responde às "profundas ameaças e desafios à segurança, em particular a ameaça a longo prazo que a Rússia representa para a segurança euro-atlântica e a ameaça persistente do terrorismo", indicou a declaração final da cimeira.

 

JSD // SCA

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