Com eleições legislativas sucessivas, em tempo e Mundo virado do avesso, repartido e governado por líderes que rivalizam entre despotismos, demagogias, autoritarismos, guerras de todo o tipo, popularismos e sectarismos infelizes e atrozes, os Portugueses continuam preocupados com o seu umbigo e curiosidades a raiar o desprezível ou mórbido.

E claro, a correr para as urnas eleitorais em votações sucessivas sem perceberem, realmente, o que cada partido pretende como modelo para Portugal.

Ainda que, como se conhece, a distância que vai entre o que prometem em campanha e o que cumprem, ou podem cumprir, vá uma enorme distância.

E o pior são as promessas!

Promessas políticas que nunca seguem, perseguem ou cumprem a exemplo do que, muitos cidadãos personificam nas longas caminhadas que os leva das suas casas e das suas terras a Santuários, grandes ou pequenos, espalhados pelo país e com Fátima à cabeça, também em Maio…

Somos um país pobre em tantos aspectos…

O SNS ocupa horas ao longo do ano na Comunicação Social, ora porque faltam médicos de família, pediatras, ginecologistas ou obstetras entre outros muitos, ora porque serviços hospitalares de urgência encerram empurrando a procura para outros locais.

No entanto os candidatos ao governo alheiam-se de discutir o SNS ou de chegar a acordo sobre áreas de entendimento alargado para a sobrevivência do serviço público de saúde.

Temas como as Parcerias Publico Privadas e o sucesso que detinham junto das populações por comparação com os resultados actuais e à vista, a escassez de profissionais de saúde e a necessidade de reforçar a sua dignidade perdida, as alterações demográficas da população em geral e a presença crescente de estrangeiros residentes em Portugal, os custos operacionais crescentes no diagnóstico, tratamento e monitorização, a desorganização administrativa e a persistência de integração de cuidados, a importância da indústria farmacêutica nacional, quer a ligada aos genéricos, quer à inovação e no âmbito do desenvolvimento económico e a urgência estratégica da mesma, a falta de literacia em saúde e a total ausência de conhecimento sobre o modelo de financiamento do SNS são algumas das dimensões da imperiosidade da reflexão e do debate que continua por fazer!

Como em relação ao SNS, outros assuntos ora tornados mais prementes com as posições norte-americanas, são esquecidos e ignorados.

Por exemplo, o impacto nas tarifas na alteração do fluxo de importações, como acontecerá com a invasão provável da Europa pelos produtos vindos da China que apenas desviará a rota para o outro lado do Atlântico, ou o reforço do investimento e da despesa no sector militar e da defesa e questão de entender como e à custa de que sectores ou serviços será assegurado, ou a retoma de um serviço militar obrigatório para os jovens portugueses e em que circunstâncias, duração e condições.

Nada disso importou trazer publicamente aos eleitores para indicar o sentido das potenciais respostas ou pistas ou soluções a apresentar para o curto prazo.

Quando a inteligência artificial (IA) mais do que surpreender, parece maravilhar pelas vantagens competitivas que introduz e apresenta, quando se toma consciência de que a IA não só pode ajudar como tornar melhores as decisões pela extraordinária capacidade preditiva, começamos a desejar que os seus algoritmos e a sua autoaprendizagem nos ensinem, demonstrem e desmascarem os padrões comportamentais dos políticos, principalmente quando estão no negócio da angariação de votos!

Rui Cernadas,

Especialista em Medicina Geral e Familiar

*O autor escreve segundo o A.A.O

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