Num tarde de passeio pela baixa do Funchal, com uma intensa "canícula", o geógrafo Raimunno Quintal decidiu "passear na Avenida do Mar e na Praça do Povo (continuo com dificuldade em encontrar a fronteira e especialmente as responsabilidades) e fiquei horrorizado com o aspecto miserável dos espaços verdes, melhor dizendo, amarelados", atira a abrir. "Algumas árvores teimam em expor as suas belas flores, que infelizmente perdem brilho no meio de arbustos, doentes ou invasores, ervas secas, solo pisoteado e cheiros nauseabundos".

E continua: "Oiço falar da crescente procura do porto Funchal pelos navios de cruzeiro (que devem deixar muito dinheiro à APRAM), das receitas da taxa turística (que devem ser para a CMF cuidar do ambiente) e continuo a assistir à degradação da faixa litoral da cidade, que tem solo e clima para jardins de excelência, povoados com plantas endémicas, subtropicais e tropicais."

Sem se deter, Raimundo Quintal dizer ver a "agoniante secura de milhares de plantas", mas "não é por falta de água". Aliás, realça, "o Funchal possui água não potável suficiente para regar os atuais jardins públicos e muitos mais. Sei o que estou a afirmar. Posso provar que as plantas e os jardins são vítimas da negligência, da incompetência, da insensibilidade".

E ainda ironiza, com uma garantia: "Podem continuar a apelidarem-me de catastrofista, de fundamentalista, que, enquanto tiver saúde física e psíquica, continuarei a lutar por algo que é fundamental. A qualidade do ambiente, do mar à serra. No Funchal, na Madeira!"

Ainda há poucos dias, o mesmo especialista, que foi vereador do Ambiente da Câmara Municipal do Funchal e, actualmente, é presidente da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal, uma Organização Não Governamental para o Ambiente de Âmbito local, denunciava o estado dos florais sobre as ribeiras da capital madeirense.

"O Funchal, a única cidade portuguesa que ganhou o Galardão de Ouro das Cidades Floridas da Europa (2000), merece mais. Muito mais!", escrevia com fotos a acompanhar.