
“A educação do século XXI deve ser mais do que uma adaptação tecnológica, deve ser uma reinvenção corajosa do compromisso com o saber, com a justiça e com a convivência democrática”. Esta foi uma das mensagens deixada pelo presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava, Ricardo Nascimento, no 3.º Encontro de Educação, que teve lugar esta sexta-feira na Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares.
Apesar da Região Autónoma da Madeira não delegar competências educativas aos municípios, o autarca sublinhou a responsabilidade que as autarquias já assumem ao nível da manutenção das escolas do 1.º ciclo, dos transportes escolares e de diversos apoios, salientando que a educação tem um papel central no desenvolvimento local. “É através dela que formamos cidadãos conscientes, promovemos a inclusão social, melhoramos a qualidade de vida e preparamos os jovens para o mercado de trabalho, incentivando o crescimento económico e o fortalecimento dos valores culturais e sociais”.
Neste contexto, defendeu que os municípios devem ir mais além, não apenas através de investimentos em infraestruturas e apoios às famílias, mas também no domínio da formação e da promoção de ambientes educativos inovadores.
Organizado pela Câmara Municipal, em parceria com o Sindicato Democrático dos Professores da Madeira, o 3.º Encontro de Educação realizou-se sob o mote ‘Diálogos Cruzados: Que educação para o século XXI?’ e reuniu docentes, investigadores e representantes da comunidade educativa num espaço de partilha e reflexão sobre os desafios contemporâneos da educação.
Ricardo Nascimento não esqueceu a transformação tecnológica acelerada que marca o quotidiano. “Hoje, com um simples clique num telemóvel, os alunos podem viajar virtualmente até à Grécia ou visitar museus do outro lado do mundo”, tendo sublinhado que essa facilidade de acesso exige uma revisão profunda dos métodos pedagógicos, sendo necessário “preparar os nossos alunos para interpretar, questionar e aplicar a informação, e não apenas para a aceitar passivamente”.
Referiu-se ainda à inteligência artificial que impõe a responsabilidade de desenvolver competências críticas, criativas, éticas e adaptativas e defendeu que os alunos devem ser ensinados a pensar de forma crítica, mesmo quando confrontados com resultados automatizados ou dados aparentemente certos. “Não basta confiar na resposta da calculadora, é preciso saber verificar, refletir e compreender”.
Nesta missão, destacou o papel imperativo dos professores que são “fundamentais neste processo” e precisam de “investir em formação para que estejam capacitados a utilizar as tecnologias de forma crítica e rigorosa, contribuindo assim para uma educação mais eficaz, abrangente e motivadora”.
Outro aspeto que mereceu atenção foi a equidade digital. Ricardo Nascimento alertou para o risco de a digitalização aprofundar desigualdades, caso não sejam asseguradas condições de acesso efetivas para todos os alunos. “Sem políticas inclusivas, sem infraestruturas adequadas e sem equilíbrio pedagógico, a tecnologia pode tornar-se uma barreira ao direito à aprendizagem”, pelo que destacou o contributo da autarquia na oferta do programa Escola Virtual aos alunos do concelho e o fornecimento de equipamento para as salas de aula, como os quadros interativos.
Enalteceu o papel deste Encontro de Educação como espaço de aprofundamento, partilha e construção coletiva de respostas aos desafios atuais, sublinhando que a educação do século XXI “deve ser mais do que uma adaptação tecnológica e focar-se na reinvenção corajosa do compromisso com o saber, com a justiça e com a convivência democrática”.
A sessão de abertura contou ainda com a intervenção do diretor regional de Educação, Marco Gomes, e do presidente do SDPM, António Pinho.
Moderado por Luísa Paolinelli e Mário Fortes Santos, o encontro contou com intervenções estruturantes para a renovação do pensamento educativo e pedagógico, a cargo de oradores de reconhecida relevância no panorama nacional, como Rui Mendes, Adelino Calado, Ariana Cosme, Dionísio Vila Maior e José Eduardo Franco.