Tinha sete anos quando viu nascer a empresa da família, a Riberalves, cunhada a partir da junção do seu nome com o do seu irmão, Ricardo e Bernardo Alves. Quarenta anos depois está ao leme dos destinos da marca líder nacional na transformação de bacalhau. Todos os anos negoceia pessoalmente com fornecedores, na Noruega e na Islândia, 30 mil a 40 mil toneladas de bacalhau, num processo onde “a reputação da marca é tudo”, sublinha Ricardo Alves, CEO da Riberalves.

Nascido e criado em Torres Vedras, no seio de uma família profundamente ligada ao comércio tradicional, Ricardo, o filho de João e Manuela Alves, cresceu entre a mercearia do avô, a garrafeira do pai - “onde sempre se vendeu bacalhau” - e os verões em Santa Cruz. Licenciou-se em Engenharia Alimentar e rumou a Londres para formação complementar em Gestão.

Chegou à Riberalves para trabalhar numa das unidades mais pequenas do grupo, no Barreiro, onde se familiarizou com os processos tradicionais da cura de bacalhau. Nas últimas décadas liderou a modernização industrial da empresa, transformando a unidade da Moita numa das maiores fábricas mundiais de transformação de bacalhau, ao mesmo tempo que alavancou a operação internacional da empresa portuguesa, colocando a Riberalves em mais de 20 geografias, num processo com múltiplos desafios.

Ricardo Alves, CEO da Riberalves, durante a gravação do podcast
Ricardo Alves, CEO da Riberalves, durante a gravação do podcast Nuno Fox

“O cash cycle neste setor é difícil. Cerca de 75% das nossas necessidades financeiras concentram-se em três a quatro meses do ano”, explica Ricardo Alves, acrescentando que “a reputação é fundamental porque ou pagamos adiantado, ou temos que ter seguro de crédito ou as pessoas confiam em nós. E muitas acreditam em nós porque conseguimos criar stocks de 130 a 140 milhões de euros nos primeiros quatro a cinco meses do ano”.

E nem tudo foi simples no processo. O lançamento do bacalhau demolhado e ultracongelado, que é hoje imagem de marca da empresa que lhe permitiu a expansão em mercados internacionais, foi, inicialmente uma experiência fracassada. Não só não teve aceitação imediata pelo mercado, como “o primeiro lote ficou todo estragado porque uma parte técnica do processo que não correu bem”, recorda o CEO. A “experiência” custou à empresa um prejuízo de 30 a 40 mil euros, “mas faz parte da aprendizagem. Era um processo pioneiro, novo, portanto, o erro está sempre inerente”, sublinha Ricardo Alves.

De olhos postos no futuro, o CEO quer continuar a expandir a marca em território nacional e internacional, inovando nos produtos e acompanhando as tendências de consumo de forma a garantir a sustentabilidade da Riberalves. Porque no fim, explica, “a empresa não é nossa, estamos a geri-la. Tem donos, mas tem sobretudo 500 famílias que dependem de nós”.

Cátia Mateus podcast O CEO é o limite
Cátia Mateus podcast O CEO é o limite SIC Notícias

O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: