O porta-voz do Livre Rui Tavares acusou esta sexta-feira o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, de ter "medo do Chega", considerando que está sem condições para gerir os trabalhos parlamentares.

"Claramente [Aguiar-Branco] tem medo do Chega, e isso é um problema, porque quem tem medo não consegue estar a gerir os trabalhos de um parlamento. E Aguiar Branco, de facto, não tem essas condições, lamento dizer-lhe, tenho muita pena, mas é aquilo que está à vista de toda a gente e tem de ser dito", considerou o porta-voz do Livre, à margem da apresentação da candidatura da coligação PS, Livre, BE e PAN à Câmara Municipal de Lisboa, encabeçada pela socialista Alexandra Leitão.

Em causa está o episódio de quinta-feira, durante o debate sobre o Estado da Nação, que levou o deputado do PS Pedro Delgado Alves a dizer que tinha vergonha do presidente do parlamento, acusando-o de "dualidade de critérios".

Este reparo surgiu depois de Aguiar-Branco não ter advertido o líder do Chega quando este considerou que o PS tem uma "oposição frouxa", mas tê-lo feito quando o líder socialista, José Luís Carneiro, apelidou André Ventura de "fanfarrão".

Interrogado sobre este episódio, Rui Tavares considerou que "o grande problema de Aguiar Branco é não perceber que um presidente da Assembleia da República tem como princípio orientador o parlamentarismo" que "não é a vontade da maioria".

O líder do Livre voltou a fazer referência a algumas queixas que o seu partido tem manifestado publicamente, nomeadamente em relação aos tempos de intervenção em plenário, ou a disposição dos lugares da sua bancada no hemiciclo.

"E Aguiar Branco diz sempre 'mas é a maioria, a maioria votou assim'. Francamente, um presidente da Assembleia da República tem que saber que o parlamentarismo não é sempre a maioria", salientou.

Criticando a "arrogância da maioria", Tavares defendeu que Aguiar Branco "não faz bem a bissetriz entre os direitos dos vários grupos políticos".