"O que vimos naqueles dias foram atos de vandalismo e de confrontação com as autoridades policiais. Os seis indivíduos (...) introduziram-se em várias propriedades privadas e retiraram diversos bens", explicou o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, após a apresentação dos suspeitos, no domingo.
"Do trabalho que a PRM realizou foi possível proceder à recuperação deste material, o qual será devolvido aos legítimos proprietários, e igualmente os indivíduos devem ser exemplarmente responsabilizados pela sua conduta criminal", acrescentou Dércio Chacate.
Chacate avançou igualmente que os suspeitos, com idades entre os 19 e os 23 anos, confessaram os crimes, após terem sido detidos na posse de bens como eletrodomésticos, mobiliário, cadeiras, materiais de construção e aparelhos de ar condicionado e de televisão, alegadamente saqueados em 23 e 24 de dezembro.
O porta-voz avançou ainda que decorrem trabalhos no sentido de recuperar os restantes bens saqueados, apelando à devolução voluntária dos mesmos e à colaboração com a polícia.
O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou oficialmente 15 de janeiro para a tomada de posse do novo Presidente da República, que sucede a Filipe Nyusi.
Em 23 de dezembro, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.
Daniel Chapo é apontado pela Frelimo como uma "proposta jovem" e vai ser o primeiro chefe de Estado nascido após a independência.
Chapo assumirá a Presidência moçambicana no ano em que o país assinala 50 anos de independência, mas num período marcado pela maior contestação aos resultados eleitorais desde as primeiras eleições, em 1994.
O resultado da eleição é contestada nas ruas e o anúncio do CC aumentou o caos que o país vive desde outubro, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane -- candidato que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos, mas que reclama vitória -- a exigirem a "reposição da verdade eleitoral", com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
Os confrontos entre a polícia e os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.
Além de Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido Podemos, Chapo enfrentou nas eleições de 09 de outubro Ossufo Momade (que obteve 6,62%), líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal força da oposição, e Lutero Simango (que teve 4,02%), presidente do Movimento Democrático de Moçambique.
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