
Um porta-voz do exército ugandês anunciou ontem a suspensão da cooperação militar com a Alemanha, alegando que o embaixador alemão no país está "envolvido em actividades subversivas".
Este anúncio surge na sequência de uma declaração anterior do exército, emitida na sexta-feira, que acusava certas missões diplomáticas europeias de apoiarem "grupos negativos e traiçoeiros" que se opõem ao Governo e visava especificamente o embaixador alemão, Matthias Schauer.
As declarações surgem numa altura em que o Uganda está a ser alvo de crescentes críticas internacionais pela forma como o regime reprime a oposição.
"As Forças de Defesa Popular do Uganda (UPDF) suspenderam, com efeito imediato, todas as atividades de cooperação militar e de defesa em curso com a República Federal da Alemanha", escreveu o porta-voz do exército, Chris Magezi, no X.
A decisão foi tomada na sequência de "informações credíveis de que o atual embaixador alemão no Uganda, Sua Excelência Matthias Schauer, está ativamente envolvido em atividades subversivas no país", acrescentou.
Segundo Magezi, esta suspensão "permanecerá em vigor até que a questão do envolvimento do embaixador com forças pseudo-político-militares hostis que operam no país contra o Governo ugandês seja totalmente resolvida".
A embaixada alemã no Uganda ainda não reagiu.
Organizações de defesa dos direitos humanos têm denunciado que o Uganda está a reprimir cada vez mais os opositores e dissidentes, tendo em vista as eleições presidenciais previstas para 2026.
Muhoozi Kainerugaba, filho e presumível herdeiro político do Presidente, Yoweri Museveni, no poder desde 1986, ameaça frequente e publicamente os membros da oposição. Recentemente, afirmou ter raptado e torturado o chefe de segurança do líder da oposição ugandesa, Boby Wine, na sua cave.
De acordo com os meios de comunicação social locais, realizou-se recentemente uma reunião entre diplomatas europeus, incluindo Schauer, e o irmão do Presidente.
Segundo as mesmas fontes, durante o encontro, Schauer criticou as publicações virulentas nas redes sociais de Muhoozi Kainerugaba, que também dirige o exército ugandês.
As consequências da suspensão da cooperação militar permanecem, para já, pouco claras.
A Alemanha e o Uganda mantêm laços de longa data, tendo a embaixada alemã falado de "estabilidade e confiança" na relação, na sua página na internet.
Mathias Schauer é embaixador no Uganda desde 2020.
O comércio entre os dois países ascendeu a cerca de 335 milhões de dólares (295 milhões de euros) no ano passado, de acordo com a embaixada. O Uganda importou principalmente "maquinaria e produtos químicos" da Alemanha, segundo a mesma fonte.