A proposta da Universidade de Évora (UÉ) para abrir um curso de Mestrado Integrado em Medicina foi ‘chumbada’ pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), mas a academia vai reformular e submeter novo projeto.

“Esta não acreditação não nos surpreende, porque, na verdade, é normal, infelizmente, que as formações em Medicina nunca sejam aprovadas à primeira”, afirmou hoje a reitora da UÉ, Hermínia Vasconcelos Vilar, em declarações à agência Lusa.

A responsável referiu que a academia alentejana vai “ter em conta” as críticas apontadas na fundamentação da decisão da A3ES para “tentar corrigir naquilo que é de corrigir e ressubmeter, proximamente, uma nova formação em Medicina”.

“Vamos procurar resolver aquilo que achamos que são alguns problemas apontados e que merecem resolução, mas fazendo de novo a nossa afirmação de que temos uma formação que achamos que é original, inovadora e com qualidade”, defendeu.

Na deliberação, a A3ES faz reparos ao corpo docente e aos membros da equipa de coordenação e alega que “a visão da instituição sobre o projeto educativo está ainda pouco desenvolvida, sendo necessária uma abordagem mais estruturada”.

“O plano de estudos e respetivo conteúdo requer revisões significativas para garantir a coerência, integração e inclusão de áreas de conteúdo críticas em falta”, salienta a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior.

No projeto, segundo a A3ES, “não se documentaram mecanismos de governação robustos e infraestruturas educativas adequadas no âmbito das parcerias para o ensino clínico” e “está em falta um plano abrangente de desenvolvimento do corpo docente e uma caracterização consistente de uma Unidade de Educação Médica”.

“O envolvimento dos tutores médicos no planeamento e implementação, particularmente no que diz respeito a colocações e estágios clínicos, não foi evidente”, é também apontado na deliberação.

Nas declarações à Lusa, a reitora da UÉ mostrou-se convencida de que a academia alentejana tem condições para avançar com o curso de Medicina, considerando esta formação “uma aposta essencial para o território e para o país”.

“Temos as parcerias, que, aliás, vamos reforçar agora na nova submissão, indispensáveis para assegurar a qualidade do ensino e em conferir aos nossos futuros estudantes condições, inclusive, para terem uma experiência internacional”, asseverou.

Questionada pela Lusa, Hermínia Vasconcelos Vilar escusou-se a apontar uma data para a entrega de uma proposta do curso de Medicina, mas não afastou a possibilidade de a formação arrancar no ano letivo de 2026/2027.

“Também já temos o concurso aberto para a nova escola de saúde ser construída e pensamos que conseguiremos avançar também com esta parte. Portanto, acho que temos as condições reunidas para pensar na nova submissão”, acrescentou.

A UÉ submeteu há cerca de um ano a proposta de Mestrado Integrado em Medicina, que engloba licenciatura e mestrado, agora chumbada pela A3ES.

UTAD à espera

Também a Universidade de Trás-os-Montes continua na corrida para a abertura de um Mestrado Integrado em Medicina, mas viu a su proposta chumbada em outubro do ano passado, por insuficiências no corpo docente, segundo a justificação dos avaliadores da Agência.

Ao Expresso, a reitoria informa que uma nova proposta já foi submetida, estando agora a universidade a aguardar nova decisão sobre a pretendida acreditação.

“Reconhecida a qualidade, a solidez e o caráter inovador da proposta para a criação do Mestrado Integrado em Medicina na UTAD, o processo foi novamente submetido, depois de se proceder a pequenas correções formais solicitadas pela A3ES e que se prendem com a concretização do Centro de Simulação Médica (CSM) e do plano de formação para os docentes médicos”, explicam os responsáveis da UTAD.