
No início dos anos 2000, Adriano Leite Ribeiro exercia tal domínio sobre as defesas contrárias em Itália que passou a ser conhecido como Imperador. A potência do pé esquerdo valeu-lhe o estatuto de herói em Parma, onde marcou 17 golos em 2002/03, e, especialmente, no Giuseppe Meazza.
Entre janeiro de 2004 e junho de 2006, Adriano marcou 59 golos em 107 jogos pelo Inter. Contudo, entre os títulos e os golos no lado preto e azul de Milão, escondia-se uma profunda tragédia pessoal que mudou irreversivelmente o rumo da carreira do avançado com o remate mais potente do mundo.
O momento que mudou tudo
O ano de 2004 foi um ponto de viragem para Adriano. Após conquistar a Copa América com o Brasil, onde foi o melhor marcador, o futuro parecia risonho. No entanto, apenas nove dias depois, chegou a notícia da morte do pai, Almir Leite Ribeiro, a 3 de agosto.
«A morte do meu pai mudou a minha vida para sempre. É um problema que ainda não consegui superar ate hoje» admitiu Adriano, em declarações ao The Players Tribune, a novembro de 2024.
Após a morte do progenitor, Adriano mergulhou numa espiral de depressão e alcoolismo. Apesar de continuar a marcar por diversão nas duas épocas seguintes, o avançado admitiu que bebia diariamente para lidar com a dor, chegando frequentemente aos treinos embriagado.
«Só me sentia feliz quando bebia a cada dois dias... e nos outros também. Como é que uma pessoa como eu chega ao ponto de beber quase todos os dias? Não gosto de me explicar aos outros, mas não é fácil ser uma promessa falhada» afirmou, confessando que continua a lutar contra o alcoolismo. Nos anos 2000, o Inter tentou esconder os problemas de Adriano, alegando até lesões como justificação para as ausências.
Mesmo com a deterioração da forma do avançado, o Inter não desistiu dele. O icónico capitão dos nerazzurri Javier Zanetti confessou que a incapacidade de ajudar Adriano foi a sua maior derrota profissional: «Não conseguimos tirá-lo da depressão. Isso ainda me assombra.»
O regresso ao Brasil e o fim da carreira
Após tentativas frustradas de reabilitação em Itália patrocinadas pelo então presidente do Inter Massimo Moratti e de José Mourinho, Adriano acabaria por regressar ao Brasil em definitivo em 2009. Com 27 anos, mas já em condições físicas totalmente diferentes daquelas apresentadas em Milão, Adriano foi peça fundamental na conquista do primeiro campeonato do Flamengo em 17 anos.
O avançado brasileiro ainda regressou a Itália para representar a Roma em 2011, mas somou apenas oito partidas, sem qualquer golo marcado.
Adriano Imperador pendurou as botas definitivamente aos 34 anos, em 2016, ao serviço do Miami United, com mais promessas por cumprir, do que certezas.