
Quase cinco anos depois do seu desaparecimento, o nome de Diego Maradona continua sem ter descanso e o julgamento da morte do astro continua. Esta terça-feira, Dalma Maradona, a filha mais velha da relação do ídolo argentino com Claudia Villafañe prestou um duro depoimento em tribunal.
«Já não o reconhecia; ele já não se ria», recordou sobre os últimos dias de vida do pai. «Antes do último aniversário que celebrou, dizíamos aos médicos que o víamos perdido, que fazia videochamadas e nem nós o entendíamos, nem os netos o entendiam. Diziam-nos que havia semanas boas e semanas más.»
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Diego Maradona 11 títulos oficiais |
No decorrer do seu testemunho, Dalma afirmou que seriam poucas em vezes em que estava com o pai, pois não lhe eram permitidas visitas e que tanto médicos como advogados tinham a intenção de isolar Maradona.
«Um dia, Stinfale e Morla [ndr: advogados de Maradona] apareceram na casa da minha irmã e pediram-nos uma reunião. Disseram que gostariam que convencêssemos o meu pai a fazer negócios com eles. Disseram que, se o conseguíssemos, nos dariam uma percentagem dos lucros. A proposta envergonhou-nos e pedimos que fossem embora. A partir daí, tornámo-nos nas más da fita e começaram a impedir que víssemos o nosso pai.»
De seguida, relembrou o dia do falecimento do antigo jogador.
«Ligaram-me a dizer que o meu pai não se sentia bem e que o estavam a reanimar. Atirei-me para cima dele quando entrei porque pensei que ele ia acordar. Tinha a barriga, as mãos, o corpo todo inchado. Quando cheguei, fui direta para o quarto. O lugar era um nojo. Cheirava a urina. A cama era um nojo e havia uma sanita portátil. Uns painéis nas janelas para não entrar luz. A cozinha estava um nojo.»
Os resultados da sua autópsia foram finalmente tornados públicos - como pode recordar no TEMA DO DIA do zerozero - e foi sobre esse mesmo tópico que Dalma desenrolou a parte mais forte do seu depoimento.
«A população pôde ver com os próprios olhos aquilo que vínhamos a denunciar há muito tempo. Pediam ao meu pai para mentir e dizer que estava bem», começou por referir, antes de mencionar o internamento.
«Discutimos três opções. O internamento domiciliar não nos parecia uma decisão má porque prometeram o mesmo que havia na Clínica Olivos, mas isso nunca aconteceu. Enganaram-nos de uma forma cruel. Fizeram-nos acreditar que era a única possibilidade. Hoje percebo que a opção de o meu pai ir para uma clínica, que eles viam como um manicómio, não lhes convinha em termos de imagem porque podia comprometer algum negócio.»
Recorde-se que D10S faleceu em novembro de 2020 vítima de uma paragem cardiorespiratória sofrida em casa em San Andrés, na cidade de Tigre, na Argentina.