O Santa Clara está na 3.ª pré-eliminatória da UEFA Conference League e com todo o mérito. A derrota na Croácia por 1-2 frente ao Varazdin foi anulada com uma vitória por 2-0, numa partida em que os insulares não dominaram sempre, mas controlaram mais tempo e sempre com mais perigo.

Que não haja dúvida de que as palavras de Vasco Matos, que afirmou na antevisão que não toleraria qualquer falta de rigor ou exigência, entraram de mãos dadas com os jogadores açorianos no Estádio de São Miguel. O que se viu nos primeiros 10 minutos da partida, antes de o Varazdin ter conseguido equilibrar o jogo em posse de bola, sobretudo com incursões vindas dos pés de Vuk, o extremo-esquerdo, foi o controlo total de quem sabia que o 0-0 significava desvantagem, depois do 1-2 na 1.ª mão, na Croácia. Melhor tempo de posse, mais reação à perda e insistência em visar a baliza adversária caracterizaram esse período inicial do conjunto português, que, aos cinco minutos de jogo, colocou tudo empatado: a bola sobrou para Vinícius Lopes à entrada da área e, com um belo remate, o extremo bateu Zelenika.

Foi esta, então, a história dos primeiros minutos e… de todo o primeiro tempo. A vantagem açoriana rapidamente se esfumou, com o Varazdin a crescer na partida, mas sem particular perigo. Foi até Gabriel Silva que, perto da meia hora de jogo, ameaçou marcar, com um remate com pouco ângulo, numa partida que se equilibrou mas pouca emoção deu aos adeptos presentes antes do intervalo. Ainda assim, o primeiro passo estava dado pelo Santa Clara: quando se dirigiram às cabines, a eliminatória estava empatada.

O segundo tempo chegou como o primeiro. A equipa da casa não teve problemas em assumir o protagonismo, mesmo que isso obrigasse a que, num contra-ataque, Luís Rocha fizesse um corte decisivo. Mas desta vez a maré açoriana não parou de crescer: controlou, criou cada vez mais perigo e, sobretudo pelas incursões pela esquerda de Gabriel Silva, ia conseguindo entrar na área adversária, ele que foi, de início a fim, uma dor de autêntica para Skanicic e Ba.

O extremo-esquerdo do Santa Clara foi, aliás, a grande figura da partida. Apesar de Vinícius Lopes ter estado nos dois golos marcados, foi Gabriel Silva que fez o segundo, a aproveitar defesa incompleta de Zelenika e, além de confirmar a reviravolta, foi sempre o mais inconformado do conjunto português. O segundo golo obrigou o Varazdin a crescer, a tentar procurar a baliza de Gabriel Batista, pouco solicitado mas sempre seguro, e Sanicic ainda desperdiçou oportunidade clamorosa para fazer o golo do empate. O Santa Clara soube aguentar, confirmou a vitória no jogo e na eliminatória e mostrou ser a equipa que mais merecia continuar a lutar pelo lugar na prova europeia.

O que disse Vasco Matos, treinador do Santa Clara:

Queríamos a vitória. Sabíamos que o adversário era difícil, uma equipa muito agressiva e muito intensa. Fizemos uma grande partida e fomos justos vencedores. As melhores oportunidades foram nossas. O resultado é merecido. Na primeira mão, os primeiros 25 minutos não me agradaram. Conversámos, analisámos e demos uma grande resposta. Este é o caminho que temos de percorrer. Sabemos que o adversário também tem qualidade, mas não podíamos estar satisfeitos com o nosso rendimento. Temos de continuar o nosso caminho. Não abdicamos da estabilidade e da união. Temos uma identidade muito forte. Vamos continuar a cultivar isto, todos juntos. Vai ser um ano muito desafiante para todos os nós. Vamos encarar a época com muita confiança, mas vamos manter os pés bem assentes no chão.