O treinador Hélio Sousa, que guiou a seleção sub-17 portuguesa ao título europeu de 2016, considerou esta segunda-feira que a vitória de 2025 prova o "caminho certo" da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e dos clubes na formação.

O técnico setubalense, de 55 anos, sagrou-se campeão europeu sub-17 no Azerbaijão, onde Portugal venceu a final com a Espanha, no desempate por penáltis (5-4, depois do 1-1 após prolongamento), e frisou que o título selado no domingo, após o categórico triunfo sobre a França (3-0), na final disputada na Albânia, demonstra o "trabalho consistente" no desenvolvimento de jogadores.

"Muito do trabalho vem dos clubes, das infraestruturas, das suas equipas técnicas. Têm tido um investimento muito grande nessa área. Isso reflete-se no desenvolvimento do jogador jovem. E a Federação é um parceiro importantíssimo nesse processo. Estes títulos, e mesmo os conquistados na Youth League [FC Porto, em 2019, e Benfica, em 2022], são certificados de que estamos no caminho certo", disse à Lusa.

Agradado com a "vitória retumbante" do conjunto orientado pelo selecionador Bino Maçães, reflexo da "excelente atitude e da qualidade de jogo demonstradas", Hélio Sousa crê ainda que o "conhecimento científico" do jogo e "as capacidades dos jogadores" estão mais evoluídas do que há nove anos, na comparação entre escalões idênticos.

Ligado à FPF entre 2009 e 2019, o treinador crê que "experiências ao mais alto nível" como a do mais recente campeonato da Europa deixam os jogadores "muito mais bem preparados" para o momento em que se tornarem seniores, embora longe de garantir uma carreira com internacionalizações pela seleção A.

Referência do Vitória de Setúbal, único clube que representou como jogador, tanto na formação, como nos seniores, Hélio Sousa foi totalista no campeonato do mundo sub-20 de 1989, que Portugal venceu na Arábia Saudita, com 18 jogadores que protagonizaram carreiras díspares.

"Desses 18 jogadores, uns chegaram à Seleção Nacional múltiplas vezes e foram constantes ao longo da sua carreira. Eu tive uma internacionalização A. Outros não tiveram nenhuma. Outros tiveram dificuldades em efetuar uma carreira profissional", recorda, a propósito de um grupo em que Fernando Couto, Paulo Sousa e João Vieira Pinto viriam a ser os futebolistas com mais sucesso.

O guarda-redes Diogo Costa, do FC Porto, o lateral-direito Diogo Dalot, do Manchester United, o médio Gedson Fernandes, do Besiktas, e o avançado Rafael Leão, do Milan, são os campeões europeus sub-17 em 2016 com internacionalizações A, mas o treinador acredita que mais elementos dessa equipa podem lá chegar.

"O Gedson pode voltar a ser chamado. O Florentino nunca foi, mas tem tido uma presença constante [no Benfica] e exibições muito consistentes, que lhe podem dar essa oportunidade. O Diogo Leite está a jogar consecutivamente num dos campeonatos mais fortes do mundo [Union Berlim, na Alemanha]", sugere o técnico, que foi ainda campeão europeu sub-19 pela equipa das quinas em 2018.

Além dos títulos europeus de 2016 e de 2025, Portugal venceu o campeonato da Europa sub-17 de 2003 e a prova equivalente que lhe antecedeu, o campeonato europeu sub-16, por quatro ocasiões, em 2000, 1996, 1995 e 1989.