
Um trabalhador migrante, oriundo do Paquistão, faleceu no passado dia 12 enquanto trabalhava na construção do Estádio Aramco, na Arábia Saudita, que está a ser erguido para o Campeonato do Mundo de 2034, avança esta sexta-feira o 'The Guardian'.
Muhammad Arshad, que trabalhava na montagem de estruturas em betão armado no futuro estádio em Al Khobar, caiu de um local muito elevado e acabou por falecer, tornando-se na primeira vítima mortal conhecida no decorrer das grandes obras para o Mundial'2034. Segundo um comunicado da empresa responsável pela obra - Besix Group - o trabalhador não estava a usar os devidos equipamentos de segurança.
"Uma equipa de três trabalhadores estava envolvida em operações de cofragem num andar superior quando a plataforma em que estavam a operar inclinou. Enquanto todos os três estavam equipados com sistemas de proteção contra quedas, um trabalhador não estava ligado a um ponto de ancoragem no momento do incidente e caiu, sofrendo ferimentos graves. Infelizmente, não resistiu e morreu no hospital", declarou a construtora.
Após o óbito, os trabalhadores terão sido chamados para uma reunião e ordenados a apagar qualquer vídeo do incidente e a não falar com ninguém sobre o mesmo, afirma o 'The Guardian'.
De notar que a construção do Estádio Aramco, que terá capacidade para 47 mil pessoas e uma arquitetura amplamente futurista e sumptuosa, está numa fase avançada, com a mão-de-obra a vir principalmente de milhares de migrantes do Bangladesh e do Paquistão, que labutam diariamente sob condições altamente precárias. De acordo com uma reportagem do 'Daily Mail', estes operários têm turnos de 10 horas, debaixo de altas temperaturas, nos quais desempenham trabalhos bastante pesados, como carregar barras de aço, montar torres de andaimes e martelar as armações dos pilares. O jornal inglês chegou à fala com alguns migrantes, vindos do Bangladesh, que afirmaram auferir cerca de 2 euros por hora.
Além disso, muitos destes homens contraem dívidas muito altas com as agências que lhes arranjaram emprego, o que implica ficarem dois anos a trabalhar de graça, até terem tudo liquidado.
A notícia da morte de Muhammad Arshad é difundida ainda no dia em que a Organização Internacional para as Migrações (OIM) revelou que pelo menos 8.938 pessoas morreram em rotas migratórias em todo o mundo em 2024, "tornando-o no ano mais mortífero de que há registo". Recorde-se ainda que durante a construção dos estádios que albergaram o último Mundial - Qatar'2022 - terão morrido mais seis mil trabalhadores migrantes, segundo o 'The Guardian' embora sem nunca ter havido qualquer confirmação sobre estes números da parte da FIFA ou do governo qatari.