
Miguel Ribeiro comentou ao final da tarde a posição assumida pelo Benfica em relação à Centralização. O presidente da SAD do Famalicão recebeu a medalha de mérito desportivo da cidade, numa cerimónia que decorreu na Casa das Artes de Famalicão, e não escondeu que a posição dos famalicenses sobre este polémico tema continua a ser a mesma:
"A nossa posição em relação à centralização é muito clara. Não vou comentar o que o Benfica comenta ou a posição do Benfica, mas a nossa é muito clara e somos a favor da centralização. Sentimos que é o caminho que nos fará evoluir. Sentimos também que uma liga mais forte do ponto de vista coletivo será a melhor para o futebol português. Não tenho qualquer dúvida que esta descida do nosso ranking europeu decorre muito da diferença que existe entre os três grandes e os outros. Porque, de facto, os três grandes estão muito mais fortes que os outros, têm uma muito maior capacidade de receita. E depois, coletivamente, ficamos mais fracos. Sou dos que acreditam que um grupo mais forte chega mais longe."
O líder da SAD do Famalicão não vê outro caminho que não seja o da centralização dos direitos audiovisuais e acredita que é isso que vai fazer a diferença para a evolução do futebol português:
"Admito que um grupo pequeno chega mais rápido e acho que as três equipas grandes preocupam-se, de facto, com eles. Mas quando olharmos para um grupo e para uma questão mais coletiva, acredito que o futebol português vai crescer. Esse crescimento do futebol português vai ter uma repercussão muito grande, até na sua performance europeia. Só a Liga portuguesa é que não é centralizada, daí o trambolhão, em termos de ranking, que nós nos últimos anos temos tido. Percebo perfeitamente a posição de cada um e respeito a posição de cada um, mas a nossa, repito, é muito clara e somos a favor da centralização e de uma distribuição muito mais equitativa de receita. Obviamente que não peço igualdade, mas peço equidade e cada um, na sua medida, receber o que é proporcional e justo."
Miguel Ribeiro, de resto, regista que "se está a perder tempo" neste momento e pede a intervenção de Pedro Proença e Reinaldo Teixeira, os presidentes da FPF e da Liga Portugal:
"Faz muito pouco sentido para mim haver 10/12 vezes de diferença entre o Famalicão e o Benfica, por exemplo. Até acho que o impacto que é uma receita maior num clube pequeno é muito maior do que uma receita menor terá num clube grande. Se o Famalicão tiver mais 4 ou 5 milhões de euros de televisão, tenho um impacto que dobra a minha receita televisiva. Se o Benfica perder 5 ou 6 milhões de euros de televisão, eventualmente não contratará o jogador A para a equipa B... Ou seja, acho que o impacto que nós temos hoje no grosso do futebol português será muito maior do que o eventual impacto negativo que os grandes terão. Mas também acho que há aqui uma palavra muito clara, quer do Presidente da Federação, quer do Presidente da Liga, quer um quer outro, terá que assumir as suas responsabilidades. Os dois terão que assumir e serem verdadeiramente líderes de uma operação, porque os direitos televisivos, ao contrário do que tenho lido, serão centralizados na Liga, mas a Federação tem um papel fundamental. Por isso acho que quer o Dr. Pedro Proença, quer o Dr. Reinaldo Teixeira, têm um papel fundamental de liderarem o futebol português. Foi para isso que foram eleitos e é esse o caminho que eles têm que seguir. Estou, confesso, um pouco surpreendido quando hoje ainda estamos neste patamar. E hoje porquê? Porque em junho de 2026 o modelo terá que estar cá fora e o junho de 2026 é amanhã. Estamos a um ano. Vão-se meter as férias, vão-se meter os inícios dos campeonatos, depois metem-se as festas e nós temos que apresentar um modelo. E isso é algo que me preocupa verdadeiramente, porque quando repararmos estamos em junho de 2026. E estamos em julho de 2025 a discutir comunicados de clubes e estamos a discutir posições completamente individuais quando este é um tema que é coletivo. Agora, só há duas pessoas que têm a responsabilidade de resolver este assunto. Um chama-se Pedro Proença e o outro chama-se Reinaldo Teixeira. Isto independentemente do presidente do clube A, B ou C dizer o que pode dizer. Porque é óbvio que o individual falará sempre para si, mas o coletivo, Liga e Federação, terá que falar por todos. Por isso, só há duas pessoas que têm que assumir esta responsabilidade.