Com a segunda equipa mais pequena do historial de Portugal em campeonatos do mundo de natação pura, nas anteriores 19 presenças apenas em Fukuoka-2001 contámos com quatro elementos e em Budapeste-2022 com dois, a Seleção Nacional, composta por Diogo Ribeiro (Benfica), Camila Rebelo (Louzan), Diana Durães (Benfica) e Francisca Martins (Foca) inicia, na próxima madrugada e até 3 de agosto, a participação no 22.º Mundial de Singapura.

Com a direção técnica agora sob as orientação de Ricardo Antunes, a manter a fasquia que já existia na direção federativa anterior de apenas convocar quem tenha alcançado mínimos A da World Aquatics, ou seja, que nos últimos 15 meses tenha obtido tempos que podem aspirar a meias-finais e finais, o quarteto nacional, ainda que com mais ou menos capacidade devido a contratempos de alguns elementos, está na rica e poderosa cidade-estado da Península Malaia, com tais objetivos mínimos.

No entanto, é, naturalmente, de Diogo Ribeiro que todos, incluindo os que não acompanham a modalidade regularmente e há ano e meio despertaram para ela, esperam que vá mais longe depois de, na temporada passada, o nadador do Benfica ter concretizado o sonho impossível ao conquistar dois títulos de campeão mundial ao ganhar os 50 e 100 mariposa.

Os primeiros ouros de Portugal no evento e apenas o segundo e terceiro pódio depois de o próprio já ter sido prata aos 50 mariposa em Fukuoka-2023.

«Não estou a pensar em medalhas, nem estou a pensar em finais. Só quero melhorar os meus tempos, acima de qualquer outra coisa. Sei que se melhorar esses tempos vou estar a lutar por outras coisas. Gostava de nadar as quatro provas [100 livres e 100 mariposa], mas não sendo possível para passar a finais, as que tenho mais na cabeça para obter melhores resultados são os 50 livres e 50 mariposa», afirmou o olímpico a A BOLA à partida para o estágio de adaptação de uma semana em Macau que antecedeu a viagem para Singapura.

E Diogo, 20 anos, sabe bem do que estava a falar e de como será já difícil chegar à final num campeonato do que se espera extremamente competitivo. Nos 50 mariposa, prova que nada já amanhã — Francisca Martins estará nos 400 livres — e na qual costuma ser dominante, surge com o 7.º tempo (22,87s) da entry list enquanto nos 50 livres é 12.º (21,67s). Só que, em prova, Ribeiro habituou-nos a grandes momentos de superação e isso pode leva-lo a estar nas decisões para acabar no pódio.

«Esta é uma umas das Seleções para Mundiais mais pequenas dos últimos anos, são apenas quatro nadadores, mas a experiência que estes quatro já tiveram representa muito. Trata-se de uma equipa bastante forte, focada, e que já passou por muito a vários níveis», começou por afirmar o treinador nacional Samie Elias, que prepara Diogo Ribeiro e Diana Durães no CAR Lisboa.

«Ainda esta temporada todos tiveram momentos de superação e de bastante entrega», salienta, lembrado as lesões que poderiam ter afastado Diogo (labro ombro esquerdo) e Diana (reconstrução do tendão do ombro esquerdo) do Mundial ,enquanto Francisca sofreu, em fevereiro, a morte repentina do pai. «Mas, como referi, se olharmos para a história dos quatro esta época, viveram um pós-olímpico super duro, com muitas coisas para ultrapassar mas todos já apresentaram excelentes performances», reforça.

Analisando mais especificamente, Elias considera que Diogo «tem adversários extremamente fortes e está apenas focado em melhorar as suas marcas e avançar as várias fases». «Já a Diana, vem de um período de treino em crescimento a pensar para no projeto Jogos de Los Angeles-2028. Está no bom caminho, com uma evolução surpreendente, mas uma coisa é treino e outra são as competições. E é para isso que está cá, para começar a regressar às suas principais provas. Será mais um desafio gigante que irá ultrapassar», diz convicto.

No que se refere a Camila Rebelo e a Francisca Martins, Samie Elias tem sobretudo o receio de terem chegado a Singapura mais tarde e vindas de outra competição. «Já conquistaram muito na última semana. Vieram diretamente de um desafio em que fizeram grandes exibições nas Universíadas de Rhine-Ruhr, na Alemanha. No entanto, a transição das Universíadas para um Mundial dias depois é algo desafiador. Vai ser complicado recuperar a concentração e o descanso físico para encarar uma das competições mais fortes, pelo menos em termos de tempo de qualificação, dos últimos Mundiais», refere.

«O bom é que o trabalho foi muito bem feito e tenho a certeza que estão bem, mas, volto a salientar, esta transição em tão pouco tempo e com um fuso horário grande [+8 horas em relação à Alemanha] é um pouco difícil. Mas confio bastante no trabalho do Vítor [Ferreira], do Gonçalo [Neves, treinadores de Camila] e do Simão [Marinho, treinador de Francisca] e que elas vão lidar bem com essa dificuldade assim como que a energia do grupo vai ajudar todos nessa superação», concluiu.