
O pivô Ricardo Brandão dissera-o, mais do que uma vez: importa o que está dentro da cabeça, a crença de que seja quem for o adversário os portugueses são capazes de o superar. Primeira acredita-se que é possível, depois sente-se. O treinador Carlos Martingo ainda o repetiu com maior reincidência: o mais relevante é a convicção, nunca a perder, tê-la omnipresente em cada um dos que integram a seleção, no caso esta, com projetos de adulto até aos 21 anos.
Eles acreditaram bastante e contra as Ilhas Faroé, vindas lá de terras vizinhas do Ártico com os seus rapazes colhidos de 70 mil habitantes, tiveram que acreditar com uma dose cavalar, porque muito lhes custou superá-los, mas lá conseguiram: Portugal está, pela primeira vez, na final de um Campeonato do Mundo de andebol masculino, sénior ou neste escalão dos sub-21 que caçaram até às últimas este pedaço de história para o desporto nacional.
A seleção bateu os nórdicos, por 38-37, após um longuíssimo encontro que ao fim da hora regulamentar estava empatado - Portugal vencia ao intervalo, por 15-12 - e, nos 10 minutos de prolongamento, manteve a igualdade. Foi necessária a angústia e o consequente espremer da última gota de esforço, num segundo prolongamento, para os portugueses confirmarem a vitória.
Oitenta minutos depois, os jogadores nacionais encavalitaram-se uns nos outros formando uma pirâmide de corpos efusivos por cima de Diogo Rêma, o decisivo guarda-redes com as suas paradas elásticas, tanto quanto os oito golos de Filipe Monteiro. Eles e todos os outros são já históricos no desporto português.
A partida decisiva deste Mundial que decorre na Polónia será no domingo, às 18h30. O adversário será Dinamarca, vencedora já de três edições deste torneio (em 1997, 1999 e 2005) e nação temível do andebol, que conquistou os últimos quatro Campeonatos do Mundo sénior. Será fazer chover no molhado pensar, por um segundo, se os jogadores português creem que é possível suplantar os dinamarqueses.