
O ainda não oficial, mas assumido pelo público, novo treinador do FC Porto, Francesco Farioli, chega ao clube da invicta como um suspiro de alívio. Mas, afinal, quem é este treinador?
Francesco Farioli é um ex-jogador italiano, que jogava como guarda-redes em pequenos clubes como o Margine Coperta, em Itália. O técnico de 36 anos é formado em Filosofia e Ciência Desportiva pela Universidade de Florença, e desde sempre que demonstrou uma enorme paixão pelo futebol.
É conhecido por muitos como “o treinador que perdeu um campeonato com nove pontos de avanço”, aquando da passagem pelo Ajax, no entanto a carreira de Francesco é um pouco mais do que esse infortúnio.
Além de alguns clubes italianos, como Sassuolo, Benevento e Fortis Juventus, onde foi, principalmente, treinador de guarda-redes e adjunto, a ambição levou-o mais longe e chegou mesmo a treinar o Karagumruk, na Turquia.
Francesco deu nas vistas, e regressou à Europa como treinador principal do Nice, na época 2023/24. Aqui, foi posto à prova, com um Nice não muito diferente do atual FC Porto: uma equipa mais fragilizada, com poucos golos, algumas vitórias e uma nona posição na tabela (talvez sendo este o ponto onde difere mais dos azuis e brancos). Quando Farioli assumiu os encargos da equipa francesa, o quinto lugar foi garantido e o regresso, há muito esperado, às competições europeias, conseguido.
Sol de pouca dura na Riviera Francesa, e com um clube neerlandês à beira do desespero, Francesco Farioli fez as malas e foi tentar salvar outro barco.
O resultado? Mais golos, mais vitórias, mais força. Um autêntico “salvador da pátria” para o Ajax.
O campeonato terminou com um segundo lugar na caderneta do Ajax, no entanto, em termos de números e factos, houve uma diferença abismal nos resultados. Na época anterior à chegada de Farioli, o Ajax ficou a 35 pontos do campeão PSV, com 61 golos sofridos e apenas 15 vitórias em 34 jornadas. Na seguinte? Segundo lugar, a um ponto do PSV, que se sagrou bicampeão, 32 golos sofridos e 24 vitórias. O técnico pode ser bom na teoria, mas também sabe aplicar a prática.
Mas como é que se deu o milagre? Francesco não é assim tão diferente de Martín Anselmi, ex-técnico do clube azul e branco, no que toca a filosofia de jogo. A verdade é que ambos os treinadores se regem, sobretudo, pela “nova escola de treinadores”, onde a construção tática é mais analisada, mas arriscada. Apesar disso, a principal diferença entre os dois, é que o italiano prefere um 4-3-3 e adapta-se aos jogadores disponíveis, e não o contrário.
Martin Anselmi pecou quando achou que iria implementar uma narrativa argentina, vinda do nada, num clube clássico como o FC Porto, já Farioli vem com mais bagagem, pelo menos em clubes europeus, e com uma perspetiva diferente para elevar os portistas ao lugar que pretendem.
Ainda assim, será preciso entender como é que a ideologia de ocupação de espaços e coesão defensiva será aplicada num FC Porto que na época 2024/25 demonstrou grande fragilidades neste setor. Além deste sistema tático mais trabalhado, de forma a que o adversário não tenha por onde fugir, Farioli terá a missão de encontrar jogadores capazes de se adaptar a várias posições, já que o sistema fixo não é o rumo que gosta de tomar.

A verdade é uma: os adeptos portistas, e a direção, vai exigir mundos e fundos do novo técnico, já que Anselmi não conseguiu convencer a armada azul e branca, nem criar um ambiente de proximidade com os jogadores. Outro ponto fulcral na teoria “farioliana” é o pedido que o técnico faz aos seus jogadores, independentemente do clube: que “sejam protagonista”, arrisquem e tomem decisões rápidas a fim de concretizar o objetivo – ganhar o jogo.
Será que Francesco Farioli vai conseguir reacender a chama do dragão, e voltar a dar ao FC Porto as alegrias que tanto anseiam? Voltaremos a ver um FC Porto mais ambicioso, arriscado, atacante e vitorioso?