José Ganga Júnior, que falava por ocasião do 44.º aniversário da empresa, estimou para este ano o preço de 146 dólares por quilate de diamante, apesar dos problemas do mercado.
Segundo o presidente do conselho de administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), a redução significativa de preços arrasta-se há alguns anos, chegando a mais de 60% em alguns casos.
"O facto é que (...) temos um stock de diamantes de mais de três milhões de quilates, o mercado neste momento não está a absorver diamantes", disse o responsável.
Em concertação com os principais produtores, nomeadamente as multinacionais De Beers e Alrosa, a diamantífera nacional definiu a necessidade de se "enxugar a produção".
"Em boa verdade, é o que se está a passar, no sentido de criar mais demanda, mais apetite, para o consumidor. Precisamos de ver como resolver isso. Por outro lado, o país precisa de dinheiro, mas produzir e não render, não sei o que será melhor? Deixar os diamantes na terra até haver alguma recuperação e acompanharmos", questionou.
Em 2023, Angola registou uma produção de cerca de oito milhões de quilates e faturou 2,9 mil milhões de dólares e em 2024 atingiu o recorde de produção, com 14 milhões de quilates e uma faturação de apenas 1,4 mil milhões de dólares.
"Estivemos a fazer um cálculo: se fossemos granjeados com os preços do ano anterior chegaríamos a quase três mil milhões de dólares com a produção que tivemos em 2024. Portanto, este é um problema que temos e que precisamos, junto do Governo, equacionar e vermos que caminho nós iremos seguir", disse.
Para 2025, um dos desafios, segundo o presidente da diamantífera pública, é melhorar a organização para antever os desafios do futuro, nomeadamente a implementação de certificados de rastreio da produção, com todas as empresas mineiras onde a Endiama é sócia e as suas subsidiárias.
"Hoje os compradores de diamantes vêm cada vez mais levantando problemas com a origem dos diamantes, se respeitam ou não as regras de sustentabilidade ambiental, se não tem trabalho infantil, se [a produção] está devidamente correta. Esse é um trabalho que precisamos fazer", realçou.
José Ganga Júnior apontou ainda como desafios os diamantes sintéticos, sublinhando que "as pessoas novas que estão a consumir diamantes já não querem saber se é um diamante natural que vem das minas ou se está num laboratório, onde em cinco minutos uma máquina, e barata, faz o diamante".
"Eles querem o diamante e nada mais, precisamos trabalhar no sentido de mostrar às pessoas que os diamantes naturais estão a mudar vidas, a trazer riqueza, a transformar a sociedade", acrescentou.
O responsável informou que os produtores decidiram constituir uma Associação de Produtores de Diamantes Naturais, estando já constituída uma comissão instaladora, com os principais projetos, mas que deverá estender-se a outros produtores, "para encontrar mecanismos de sobrevivência".
O mesmo esforço está a ser desenvolvido a nível internacional com a integração da Endiama no Comité de Defesa de Diamantes Naturais, adiantou.
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