O banco central angolano anunciou nesta sexta-feira que vai subsidiar 30%, nas províncias de Luanda e Icolo e Bengo, e 100%, nos 38 municípios do país sem pontos de acesso aos serviços financeiros, a instalação de 122 caixas automáticas. O Banco Nacional de Angola (BNA) apresentou, em Luanda, o Programa de Alargamento da Rede de Caixas Automáticas (CA), que tem como objetivo aumentar o acesso da população aos serviços financeiros, reduzir as assimetrias na disposição geográfica destes equipamentos, bem como reduzir a dependência das agências físicas.

Segundo a diretora do departamento de Sistemas de Pagamento do BNA, Cristina Caniço, cada equipamento ronda entre 10 milhões a 12 milhões de kwanzas (entre 9500 a 11500 euros).

Na sua intervenção, o governador do BNA, Tiago Dias, disse que a preferência dos cidadãos pela liquidez decorre do contexto informal da economia angolana, da assimetria de distribuição de caixas automáticas, assim como da concentração do pagamento de salários no final do mês, fatores que contribuem para a aglomeração de consumidores bancários nestes terminais.

Tiago Dias avançou que os dados da Emis, empresa que gere a rede de Multicaixa [Multibanco], indicam que no mês passado foram levantados nas caixas automáticas 448 mil milhões de kwanzas (430,1 milhões de euros). “As transferências bancárias no mesmo período cifraram-se em 607 mil milhões de kwanzas (582,8 milhões de euros) e os pagamentos de serviços diversos em 82 mil milhões de kwanzas (78,7 milhões de euros), ao passo que o valor de pagamentos ao Estado, através do RUPE [Referência Única de Pagamento ao Estado], foi de cerca de 40 mil milhões de kwanzas (38,4 milhões de euros)”, referiu Tiago Dias.

O governador do banco central angolano sublinhou que os dados do BNA referem que a quantidade de notas e moedas metálicas em circulação em Angola, a 30 de maio de 2025, correspondeu a 871 mil milhões de kwanzas (836,3 milhões de euros), sendo cerca de 650 mil milhões de kwanzas (624,1 milhões de euros) correspondentes às notas em poder do público e 221 mil milhões de kwanzas (212,2 milhões de euros), aos caixas dos bancos comerciais.

“A nossa visão de médio e longo prazo é que, a exemplo de vários países africanos, os instrumentos de pagamentos alternativos ao dinheiro físico, ou seja, as transferências eletrónicas, cartões de pagamentos e os pagamentos móveis, sejam amplamente aceites e usados pela população”, vincou. Enquanto isso não acontece, acrescentou Tiago Dias, devem continuar a ser criadas condições de acesso e de utilização de instrumentos e produtos financeiros, que no contexto atual do sistema de pagamentos angolano são os mais procurados e utilizados pela população.

O BNA conduziu um programa piloto, entre 2023 e 2024, para o alargamento da rede de caixas automáticas, no município de Viana, que culminou com a instalação de 69 terminais em diferentes zonas daquela região. O programa, com um período de dez meses, com data limite para a instalação dos equipamentos até fevereiro de 2026,conta com a adesão de sete bancos comerciais.

Agência Lusa

Editado por Jornal Pt50