O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, manifestou a sua preocupação face à possível compra do Novo Banco por um concorrente doméstico. O líder do regulador bancário considera que os ‘players’ do mercado devem ter “cautela” para não prejudicar os “bons resultados” do setor, nos últimos anos. Sublinha ainda que “a estabilidade do setor requer que as suas unidades também sejam estáveis”.
Em entrevista à Agência Reuters, Mário Centeno realça outras operações de consolidação passadas no país que “falharam”, sem elaborar sobre o assunto. Neste sentido, acredita que “são experiências que não valem a pena repetir”. Contudo, frisa que “a consolidação é um tema que cabe ao mercado ditar”.
A agência de notícias relembra que, em junho passado, o CEO da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, revelou que o seu banco estava a considerar “todas as hipóteses” para preservar a liderança de mercado, face a uma possível expansão de bancos estrangeiros, nomeadamente espanhóis. Recorde-se que, entre os cinco maiores bancos portugueses estão o BPI – que tem um acionista único, o banco espanhol CaixaBank – e o Santander, também parte do grupo espanhol do mesmo nome.
Em relação a uma possível aquisição pela CGD, o governador mostrou-se igualmente reticente. Notou que o banco público é uma instituição de relevo e que isso acarreta responsabilidades. “É uma decisão de negócio com consequências sistémicas que têm de ser analisadas”, alerta.
Sobre uma possível ida para bolsa, através de uma IPO, Centeno vê esta opção de forma mais positiva, acreditando que seria benéfico para o sistema bancário português. O governador do BdP destaca que apenas o Millennium BCP está nesta situação, pelo que a entrada do quarto maior banco em bolsa seria um bom resultado para a competitividade da área.
Recorde-se que a venda do Novo Banco tem sido destaque na área da banca nos últimos meses, especialmente desde o fim do acordo de capital contingente em dezembro. Recentemente, foi noticiado que o fundo Lone Star, que detém 75% do banco, escolheu o Deutsche Bank para assessorar a venda. Por outro lado, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, afirmou na semana passada que o acionista maioritário pretende vender entre 25% e 30% da instituição.