
"Países como a Guiné-Bissau precisam de mobilizar recursos significativos" para concretizar os objetivos de desenvolvimento sustentável acordados pela comunidade internacional "muito além do possível atualmente com receitas internas ou ajuda externa", disse Umaro Sissoco Umbaló, no plenário da IV Conferência Internacional sobre Financiamento ao Desenvolvimento da ONU, que arrancou hoje em Sevilha.
Umaro Sissoco Umbaló destacou que esta é quarta conferência da ONU sobre financiamento ao desenvolvimento, mas "infelizmente os compromisso e objetivos assumidos" anteriormente, "não estão plenamente concretizados".
"É momento de rever a nossa abordagem e encontrar mecanismos de financiamento mais realistas e adaptados às necessidades dos países em desenvolvimento", afirmou, perante uma assembleia com representantes de mais de 190 países da ONU.
Umaro Sissoco Umbaló realçou também o peso da dívida externa para os países em desenvolvimento, que "torna mais difícil investir em desenvolvimento sustentável" e pediu "mais flexibilidade e um tratamento mais equilibrado no sistema financeiro internacional".
"A Guiné-Bissau defende a reforma profunda da arquitetura financeira internacional para que se torne mais justa, equitativa e acessível aos países mais vulneráveis", afirmou.
Umabro Sissoco Umbalo realçou que é preciso sair de Sevilha "com resultados positivos" e que os países em desenvolvimento esperam "decisões concretas capazes de mobilizar toda a comunidade internacional a favor do desenvolvimento e da erradicação da pobreza".
O Presidente da Guiné-Bissau sublinhou, por outro lado, que nos 80 anos da ONU, o mundo precisa "mais do que nunca" de uma "paz global e duradoura, de um multilateralismo e uma cooperação internacional reforçados".
Mais de 60 líderes mundiais estão na conferência de Sevilha sobre o financiamento para o desenvolvimento, que ocorre dez anos depois da anterior, na Etiópia, em 2015.
O plenário da conferência, em que estão representados mais de 190 países das Nações Unidas, adotou hoje formalmente o documento "Compromisso de Sevilha", um compromisso para a próxima década relativo à cooperação internacional e ao financiamento e o desenvolvimento, que a ONU calcula ter atualmente um défice de quatro biliões de dólares anuais.
No documento, de 68 páginas, a comunidae internacional afirma ser necessário "renovar o quadro do financiamento global ao desenvolvimento", num momento de "graves tensões geopolíticas e conflitos" e quando "estão gravemente atrasados" os objetivos acordados pela comunidade internacional na Agenda 2030.
Segundo as contas da ONU, o défice atual na ajuda ao desenvolvimento é 1.500 mil milhões mais do que há dez anos e em 2024 a ajuda oficial ao desenvolvimento caiu pela primeira vez nos últimos seis anos, com previsão de nova queda de 20% para 2025.
No "Compromisso de Sevilha", a comunidade internacional assume compromissos para criar novos mecanismos de mobilização de ajuda ao desenvolvimento, de aplicação dos investimentos e de gestão das dívidas soberanas dos países mais vulneráveis ou em vias de desenvolvimento, reconhecida no documento como um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento sustentável.
No texto enfatiza-se também que só o reforço do multilateralismo pode responder à necessidade urgente de erradicação da pobreza e enfrentar os impactos das alterações climáticas.
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