HSBC prossegue estratégia de redução de custos e despede banqueiros de investimento sem lhes dar bónus

O banco está a braços com uma restruturação para se recentrar na Ásia, sob a liderança do novo CEO, Georges Elhedery, que tem como objetivo cortar 300 milhões de dólares em custos em 2025.

O HSBC despediu banqueiros de investimento no dia em que deveriam saber os valores dos seus bónus e não deu essas compensações a muitos dos que despediu, num sinal de como o banco está a adotar uma abordagem de corte de custos sob o comando de Georges Elhedery, que assumiu o cargo de CEO em setembro de 2024.

Segundo anuncia o Financial Times, em fevereiro, o banco comunicou aos funcionários da banca de investimento no Reino Unido que iriam perder os seus empregos. A comunicação sucedeu a outra anterior, em janeiro, quando foi comunicado que o banco iria encerrar a sua atividade de consultoria em fusões e aquisições e também nos mercados de capitais fora da Ásia e do Médio Oriente.

Essas conversas tiveram lugar no momento em que os banqueiros esperavam saber quanto iriam receber em bónus pelo trabalho realizado no ano civil de 2024, disseram três pessoas com conhecimento do processo ao jornal. Mas os banqueiros ao nível de vice-presidente e superior da unidade de banca de investimento do HSBC que viram o seu contrato de trabalho rescindido no âmbito da reestruturação não receberam quaisquer bónus, disseram as mesmas fontes.

“Isto não é típico do HSBC”, disse uma das pessoas, acrescentando que o banco tinha “uma reputação de cuidar dos seus funcionários”. O HSBC não quis prestar declarações sobre a situação ao Financial Times.

Recorde-se que, em fevereiro passado, o HSBC reportou aumento dos lucros para 32,3 mil milhões e anunciou cortes de custos de 300 milhões em 2025 e mais 1,5 mil milhões de dólares até ao final de 2026.

O CEO Georges Elhedery, que assumiu a direção em setembro do ano passado, tem vindo a tomar medidas para aumentar a rentabilidade do banco e a reforçar o foco do banco, com sede em Londres, na Ásia, onde obtém a maior parte dos seus lucros. “Estamos a criar um banco mais simples, ágil e focado, alicerçado nos nossos principais pontos fortes”, referiu Georges Elhedery, na altura, em comunicado.

O Financial Times refere ainda que Elhedery considerou a possibilidade de abandonar as operações de banca de investimento na Ásia e no Médio Oriente, para além da redução de custos noutros locais, embora não tenha avançado com a medida.

O banco também reduziu alguns postos de trabalho na banca de investimento em Hong Kong. A banca de investimento representa uma parte relativamente pequena da atividade do HSBC, sendo a banca comercial e a banca de retalho responsáveis pela maior fatia de rendimento do banco.

A reforma de Elhedery inclui também a separação das operações em secções de “mercados orientais” e “mercados ocidentais”.

Por outro lado, o HSBC propôs um pacote salarial no valor de 18,28 milhões de euros para Elhedery, que poderá subir para 23,67 milhões de euros se o preço das ações do banco subir 50 por cento. Isto torná-lo-ia significativamente mais bem pago do que o seu antecessor, Noel Quinn, cujo pacote salarial total em 2023 – o seu último ano completo no banco – valia 12,67 milhões de euros, refere o jornal.