O jornalista angolano Luís Alberto Ferreira, que há 50 anos cobriu a ponte aérea dos “retornados” portugueses, morreu Terça-feira aos 93 anos, acompanhando até ao fim e com interesse a atualidade nacional e internacional, disse a sobrinha.

Luís Alberto Ferreira encontrava-se hospitalizado no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, a receber tratamento para uma pneumonia, após ter dado entrada nesta unidade de saúde há cerca de duas semanas devido a uma queda, segundo Irene Bernardo.

A sobrinha, que mantinha “uma forte ligação” com Luís Alberto Ferreira, disse que o tio continuava a seguir as notícias com um especial interesse e que, sempre que conseguia, ultimava os dois livros que esperava publicar em breve.

Em termos da actualidade, Irene Bernardo contou que, a nível nacional, o jornalista manifestou a sua preocupação com os resultados eleitorais em Portugal, nomeadamente a ascensão do Chega, e que internacionalmente se mostrava apreensivo com a situação na Palestina e na Ucrânia.

Nas “longas conversas” que mantinha com o tio, Irene Bernardo testemunhou a sua “cultura” e “conhecimento profundo da realidade”. Há 50 anos, Luís Alberto Ferreira cobria para a RTP a ponte aérea dos portugueses que, em Angola, se preparavam para regressar a Portugal.

Nesse ano quente, diz a Lusa, seguiu os acontecimentos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 e acompanhou os movimentos nacionais em Angola. E foi nesse período que contactou com o escritor e jornalista polaco Ryszard Kapuscinski, que se encontrava em Angola a testemunhar o nascimento conturbado de um novo país, o que mais tarde deu origem ao seu livro “Mais um dia de vida – Angola 1975”.