Num cenário de crescentes desafios ambientais e sociais, a sustentabilidade emergiu de uma preocupação periférica para o cerne da estratégia corporativa, redefinindo a resiliência e a competitividade organizacional.

Em primeiro lugar, observa-se uma elevação do valor da marca num mercado de consumidores e investidores cada vez mais conscientes. Uma postura ambientalmente responsável fortalece a reputação, reforça a lealdade do cliente e assegura uma diferenciação crucial. Paralelamente, a otimização dos recursos traduz-se em ganhos de eficiência operacionais, que se refletem numa redução de custos associados ao consumo de água, energia, gestão de resíduos e consumíveis em geral. Por fim, as organizações que demonstram sólidas métricas ambientais, sociais e de governança (critérios ESG) obtêm um acesso privilegiado a mercados e capitais que valorizam e priorizam tais práticas, influenciando diretamente as oportunidades de negócio.

A par destes benefícios, a sustentabilidade contribui significativamente para a retenção de capital humano. Um inquérito da Indeed (2023) a mais de 23.000 jovens trabalhadores revelou que a maioria investiga o posicionamento ambiental e social de uma empresa antes de aceitar uma oferta de emprego, e a esmagadora maioria (96%) expressa o desejo de contribuir para o aumento da sustentabilidade nas suas empresas. Estes dados sublinham não apenas uma preferência geracional, mas uma exigência crescente por parte dos talentos que procuram alinhar os seus valores com os dos seus empregadores.

Em Portugal, os números confirmam esta realidade: de acordo com o ‘Relatório Anual 2023’ do Observatório dos ODS nas Empresas Portuguesas, 97% das Grandes Empresas (GEs) e 87% das Pequenas e Médias Empresas (PME) consideram que a sustentabilidade “contribui substancialmente para a competitividade da sua empresa”. Números inequívocos quanto à crescente importância da adoção de políticas de sustentabilidade e do posicionamento das organizações em matéria de responsabilidade ambiental e social, evidenciando uma clara direção estratégica. No lado dos consumidores, a tendência é igualmente clara. Um estudo da Escolha do Consumidor (2024) revela que 92% dos inquiridos estão dispostos a comprar outra marca caso esta seja mais sustentável. Estes dados concretos demonstram a crescente importância da agenda ESG no panorama empresarial português, influenciando não só as estratégias internas das organizações, mas também as decisões de compra dos consumidores.

A sustentabilidade deixou de ser uma opção para se tornar um imperativo estratégico no panorama empresarial português. A sua integração não é apenas uma questão de responsabilidade social ou ambiental, mas uma decisão de negócio inteligente que impulsiona a competitividade, atrai e retém talentos, captando e fidelizando consumidores. As organizações que reconhecerem e agirem sobre esta realidade estarão mais bem posicionadas para prosperar na economia do futuro.

Humberto Silva,
Chief Sustainability Officer da Dower