Casa em Olhão, de Marlene dos Santos e Bruno Oliveira, do Estúdio Ods Arquitetos, é finalista na categoria Arquitetura, o clube Fiasco, no Porto, do estúdio de Diogo Aguiar, em Interiorismo, e a Estufa Pedagógica da Quinta de Serralves, do gabinete depA architects, também no Porto, em Cidade e Paisagem.

Na categoria Pensamento e Crítica está nomeado o livro 'Aprender a Desaprender' (2024), editado pela Dafne, reflexão sobre o papel da arquitetura na "descolonização do presente", reunindo "contributos que desafiam abertamente as heranças coloniais", através de "narrativas emancipatórias", testemunhos de práticas desenvolvidas e histórias pessoais de arquitetos, artistas e críticos como Ibiye Camp, Margarida Waco, Mónica de Miranda, Natache Sylvia Iilonga, Thaís Andrade, Gabriela Leandro Pereira, Lara Isa Costa Ferreira, Demas Nwoko, Anyibofu Nwoko Ugbodaga e dos coletivos Banga e Cartografia Negra.

O objetivo, segundo a apresentação da obra coordenada pelo arquiteto Paulo Moreira, "é ampliar o alcance da disciplina da arquitetura, mesmo que não haja certeza nem convergência de ideias a propósito das suas ferramentas". "O caminho não é linear", acrescenta, "mas olhar 'ao contrário' e romper os discursos predominantes pode ser um bom ponto de partida."

O júri valorizou a abordagem dos processos de descolonização - um tema "tão complexo quanto necessário" -, a partir da atividade do Instituto, espaço cultural fundado no Porto em 2018 "como extensão" do atelier do arquiteto, destacando o "grau de experimentação" empreendido, numa conjugação de "práticas artísticas e obras arquitetónicas."

Na Casa de Olhão, moradia unifamiliar construída a partir do que restava de uma antiga fábrica de bacalhau, o júri destacou "a atitude de recuperação de uma condição preexistente", mesmo sem valor patrimonial, "com o objetivo de preservar a memória do bairro", resolvendo "com mestria os espaços de convívio em torno do pátio, num diálogo entre paredes da antiga fábrica e da nova habitação."

Sobre a arquitetura interior do Fiasco, o júri valorizou a exposição ao espaço urbano e "a instalação coerente e funcional para múltiplas utilizações: um bar diurno e noturno, uma loja de música e um espaço privado com espetáculos temporários", respondendo "a um programa múltiplo e eclético de forma fluida, coesa e original."

Quanto à Estufa Pedagógica de Serralves, o júri sublinhou a integração da estrutura no declive natural do terreno, "a plasticidade dos grandes blocos de granito local, combinados com o telhado de madeira", abertos à vegetação em volta.

Os Prémios FAD de Arquitetura, criados em 1958, visam distinguir os "mais destacados" projetos de Espanha e Portugal.

O júri de Arquitetura desta 67.ª edição é constituído por Sara de Giles, que preside, Andrea Arriola Fiol, Miquel Batlle, Nuno Melo Sousa, Modest Mor i París e Alicia Núñez. Na área de Pensamento e crítica, a decisão cabe aos arquitetos Fernando Marzá (presidente), María García e Marina Povedano.

Os projetos portugueses estão entre os 26 finalistas desta edição, cujos vencedores serão conhecidos em 10 de junho.

No mesmo dia será conhecido o vencedor do Prémio FAD Internacional, a escolher entre cinco projetos de França, Suíça, Itália, Luxemburgo e Noruega.

Em edições anteriores, na área da arquitetura, foram distinguidos os portugueses Carrilho da Graça, pelo Pavilhão do Conhecimento, Eduardo Souto de Moura, pelo Estádio Municipal de Braga, João Maria Ventura Trindade, pela Estação Biológica do Garducho, Ricardo Bak Gordon, pelas Casas em Santa Isabel, em Lisboa, Pedro Domingos, pela Escola Básica e Secundária de Sever do Vouga, e Pedro Campos Costa, por um hotel em Tavira.

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