São quase 800, entre os seis e os 24 anos, mas no palco Fado Café estiveram 12 músicas, que compõem o Grupo de Câmara de sopros da orquestra. Embora sejam um grupo pequeno, as doze subiram a palco "com bastante coragem e energia para fazer de conta que são 300", disse à agência Lusa a diretora da Orquestra Sinfónica Juvenil Chiquinha Gonzaga, Moana Martins, momentos antes da apresentação, marcada para as 16h30.

A orquestra surgiu em 2021 no seio do Instituto Brasileiro de Música e Educação (IBME), que tem vários projetos de desenvolvimento educacional e sociocultural através da música.

O novo projeto começou a ser desenhado nas preparações de uma "homenagem especial para o Dia da Mulher".

"Já tínhamos cinco grandes orquestras, mas não tínhamos representação de meninas em vários instrumentos: trombone, trompete, percussão, contrabaixo acústico", recordou Moana Martins, falando na Orquestra Chiquinha Gonzaga como "um exercício de formação musical, de liderança, de autonomia, de coragem".

As integrantes da orquestra são todas estudantes em escolas do ensino público no Brasil, e muitas entraram através dos polos de formação musical sediados em zonas de elevada vulnerabilidade social.

"Iniciamos as atividades nos polos. Elas não têm experiência musical prévia, ou têm inicial, e vão galgando um programa completo de formação até à universidade. Os polos são um momento inicial. O segundo estágio é a Orquestra Sinfónica Juvenil e no terceiro estágio elas transformam-se em monitoras. Agora participam das atividades e voltam como professoras, coordenadoras, assistentes, produtoras", explicou Moana Martins.

O percurso de Camila Peres, fagotista, é representativo do relato da diretora da orquestra.

A jovem, de 18 anos, contou à Lusa que está ligada aos projetos do IBME desde os 12.

"Já passei por outras orquestras do projeto. Temos outros cinco grupos, que são mistos. E quando entrei na Orquestra [Chiquinha Gonzaga] foi quando comecei a tocar fagote. Agora posso ajudar as meninas mais novas, como monitora", recordou.

Tocar numa orquestra "era um sonho" de Camila, que acabou por ajudá-la também na "formação como pessoa". "O amadurecimento que temos, estar nos palcos, visitar lugares. Temos que ter muita responsabilidade pelo grupo e por nós. Aprender não só a tocar, mas a ser uma pessoa é muito bom", disse.

Esta é a quarta vez que a Orquestra Chiquinha Gonzaga se apresenta fora do Brasil, a primeira foi em 2022, em Portugal. Entretanto já estiveram também em Espanha e na Suíça, e estão agora "a caminho de tocar no Carnegie Hall", histórica sala em Nova Iorque, revelou Moana Martins.

Para Camila Peres esta é a primeira viagem com a orquestra. "Sentimos que temos uma oportunidade muito grande, estar aqui, a tocar, conseguimos viajar, conhecer lugares, dentro e fora do Brasil. O que é o melhor de tudo", referiu.

Maria Bernardo, de 23 anos, tem uma experiência diferente da de Camila Peres.

A clarinetista entrou para a orquestra há quatro meses, como monitora, trabalho que considera "muito gratificante".

"Este corpo musical todo composto por mulheres é uma das coisas mais importantes da minha vida. Dá-me esperança de ver mais mulheres a tocar, de eu poder tocar e poder estar nestes lugares, viajar pelo mundo", afirmou.

Hoje no festival NOS Alive, o Grupo de Câmara apresentou meia dúzia de músicas, tendo tido em duas a participação da fadista portuguesa Teresinha Landeiro.

A lotação do festival hoje está esgotada e tem como grande destaque a norte-americana Olivia Rodrigo.

Além de Olivia Rodrigo, hoje, pelo palco principal do NOS Alive passam Mark Hambor, Benson Boone e Noah Kahan.

No segundo palco, que nesta edição "aumentou substancialmente de tamanho", respondendo assim a uma pretensão do público, irão atuar Gree Leather, Bad Nerves, Artemas, Barry Can't Swim, Glass Animals, Parov Stelar e Nathy Peluso.

Pelos restantes palcos -- Clubbing, Coreto, Fado Café, Comédia e Pórtico -- passam artistas e bandas como Girls 96, Baleia Baleia Baleia, Pedro Moutinho, Diogo Clemente, Mónica Vale de Gato, Guilherme Duarte e Shakra.