Depois de meses de especulação e mistério, a CFMoto quebrou finalmente o silêncio: a sua moto elétrica de motocross, batizada de CF-X, é bem mais do que um conceito — é um projeto real e ambicioso. Novas patentes reveladas vêm confirmar não só a sua existência, mas também a intenção clara de competir frente a frente com a dominante Stark Varg.

A chegada da Stark Varg marcou uma viragem no mundo do motocross, provando que as motos elétricas não são apenas viáveis, mas em muitos aspetos superiores às convencionais. Potência imediata, baixo peso, e manutenção reduzida transformaram-na num sucesso instantâneo. Agora, a CFMoto, um dos maiores nomes da indústria chinesa, prepara uma ofensiva que promete agitar o mercado.

A CF-X foi vista pela primeira vez no salão EICMA de Milão, mas quase como uma aparição furtiva. Sem apresentações oficiais, sem imagens divulgadas — apenas uma silhueta em segundo plano durante uma conferência. Nem os próprios porta-vozes da marca quiseram falar muito sobre o modelo. Esse secretismo, claro, só aumentou a curiosidade.

Essa fase de mistério está agora a dar lugar a factos concretos. Documentos de patente recentemente registados sob o genérico nome “Moto” revelam os primeiros detalhes técnicos da CF-X — e confirmam que o desenvolvimento está numa fase muito avançada.

Segundo os esquemas técnicos e informações obtidas, a CF-X é tudo menos uma moto de entrada de gama. Trata-se de uma verdadeira máquina de competição, com um sistema elétrico de 400V, capaz de oferecer prestações comparáveis a uma moto a combustão de 450 cc, com arranque explosivo e aceleração até 50 km/h em poucos segundos.

O quadro foi desenvolvido com uma filosofia puramente desportiva: leve, resistente, e com o próprio motor integrado como elemento estrutural. Um truque típico nas motos de corrida para reduzir peso e aumentar rigidez. O peso total anunciado ronda os 125 kg, com a bateria — o componente mais pesado — posicionada o mais baixo possível para garantir agilidade e um centro de gravidade ideal. A refrigeração é assegurada por um sistema líquido com radiador traseiro.

Ao nível da ciclística, a CF-X vem equipada com suspensões WP ajustáveis, oferecendo um curso de 310 mm tanto à frente como atrás, com amortecedor traseiro e depósito separado — soluções que reforçam a sua vocação competitiva. O assento, com 960 mm de altura, também reflete essa orientação.

Visualmente, a CF-X chama a atenção pelo design agressivo e minimalista, claramente inspirado no universo freestyle. As carenagens são muito estreitas, e há mesmo elementos que parecem pensados para manobras radicais — como agarradores laterais típicos das motos de FMX.

Este detalhe poderá reacender um debate no mundo do desporto motorizado. Recorde-se que a Stark Varg foi excluída dos X Games, uma decisão polémica. A entrada em cena de outro fabricante de peso, com um modelo semelhante e focado na competição elétrica, pode levar os organizadores a repensar as regras.

Embora ainda não se conheçam dados oficiais sobre potência, autonomia ou tempo de carregamento, tudo indica que a CFMoto não veio para ser mais uma entre tantas — veio para disputar a liderança e, quem sabe, redefinir o topo do motocross elétrico.

Fotos: CFMOTO