A mala Birkin original da Hermès foi leiloada nesta quinta-feira, 10 de julho, e o valor bateu recordes, como era esperado.

Propriedade de um conhecido colecionador de malas sediado em Paris, deu origem a uma guerra de licitações telefónicas que atingiu os 7 milhões de euros, tendo o preço final de venda sido fixado em 8.58 milhões, com comissões e taxas, segundo o site da Sotheby's, citado pela France 24.

O preço de venda recorde anterior foi de 513.000 dólares, no leilão de uma mala de mão em pele de crocodilo incrustada de diamantes e ouro branco, realizado em 2021 na Christie's, em Hong Kong.

"Após semanas de antecipação, a licitação abriu a um milhão de euros - provocando um suspiro da sala", disse a Sotheby's num comunicado citado pela mesma publicação.

A criação da Birkin da Hermès surgiu de um encontro inesperado. Foi desenvolvida em 1980 por Jean-Louis Dumas, ex-CEO da Hermès, após ter-se encontrado com a atriz Jane Birkin, que morreu em 2023.

Inspirou-se no modelo Haut à Courroies para criar o esboço e depois ofereceu-a a Jane, tendo sido batizada com o seu nome. Em 1994, Jane Birkin doou o protótipo para apoiar a pesquisa sobre a Sida.

A guerra de licitações desta quinta-feira durou cerca de dez minutos e disputou-se entre nove colecionadores, acabando por ser ganha por um colecionador privado do Japão.

Morgane Halimi, diretora mundial de malas e acessórios da Sotheby's, considerou a venda histórica "um marco importante" para a história da moda e do luxo. "É uma demonstração surpreendente do poder de uma lenda e da sua capacidade de despertar a paixão e o desejo dos colecionadores que procuram artigos excepcionais com uma proveniência única", afirmou, citada pela CNN. "A venda da Birkin Original é também, em última análise, uma celebração do espírito duradouro e do apelo da sua musa, Jane Birkin."

De acordo com a Sotheby's, a Birkin original é distinta de outras versões posteriores, pelo tamanho da mala, os anéis e ferragens de metal e a alça de ombro, entre outros pormenores que nunca mais foram reproduzidos.

A aba da frente apresenta as suas iniciais, 'J.B.', enquanto um par de pequenos corta-unhas prateados está pendurado na alça de ombro (Birkin gostava de ter as unhas bem aparadas e mantinha o corta-unhas perto de si). Pela passagem do tempo e o seu desgaste, a mala tem marcas do uso de Birkin, incluindo a descoloração de dois autocolantes das organizações humanitárias Médecins du Monde e UNICEF.

"É incrível pensar que uma mala inicialmente concebida pela Hermès como um acessório prático para Jane Birkin se tenha tornado a mala mais desejada da história e que, muito provavelmente, continuará a sê-lo durante muitos anos", afirmou Halimi, citada pela CNN, num comunicado de imprensa antes da venda.