
No passado sábado, 28 de junho, teve lugar o segundo debate temático promovido pelo movimento Volta Coruche/25 – Dionísio Mendes, centrado nos temas do desenvolvimento económico, investimento, acessibilidades e emprego. A iniciativa decorreu em Coruche, num formato que privilegiou a participação pública e o debate de ideias, com a presença dos convidados Alfredo Cunhal Sendim, proprietário da Herdade do Freixo do Meio, e Francisco Ribeiro Telles, engenheiro do ambiente.
A sessão procurou abordar de forma crítica e propositiva um conjunto de temas estruturantes para o concelho, como a articulação entre desenvolvimento económico e responsabilidade ambiental, a valorização da paisagem e dos recursos naturais, a transição energética, o ordenamento do território e o papel das autarquias na definição de estratégias sustentáveis e com identidade local.
Alfredo Cunhal Sendim defendeu um modelo de desenvolvimento assente na relação entre natureza, economia e sociedade, sublinhando a importância de apoiar as pequenas e médias empresas e quem assegura a conservação dos ecossistemas. Apontou a concentração de recursos como uma ameaça à diversidade económica e à democracia, e alertou para o impacto das alterações climáticas, referindo o valor da mancha florestal de Coruche como elemento regulador do território.
Questionado sobre o papel das autarquias, considerou que estas devem liderar o ordenamento do território com critérios claros, comunicação eficaz e envolvimento dos agentes locais, aplicando medidas de discriminação positiva a quem contribui para a proteção ambiental.
Francisco Ribeiro Telles centrou a sua intervenção na interligação entre energia e ambiente, defendendo uma maior capacitação das autarquias nestas áreas. Referiu que alguns municípios já contam com técnicos especializados para apoiar cidadãos e empresas na transição energética, e apontou a necessidade de reforçar o investimento em literacia ambiental.
Durante o debate foram apresentadas várias propostas, incluindo a criação de um gabinete municipal dedicado à literacia energética e ambiental, o apoio à constituição de comunidades energéticas locais, parcerias entre escolas e empresas para promover o empreendedorismo jovem, campanhas de sensibilização para redução do consumo e comportamentos mais sustentáveis, o posicionamento de Coruche como território de resiliência ambiental e a aproximação entre universidades e comunidade local.
O impacto do futuro Novo Aeroporto de Lisboa foi também abordado. Dionísio Mendes, dinamizador do movimento, defendeu que Coruche deve preparar desde já uma estratégia para não ser absorvida por lógicas de periferia ou especulação fundiária, procurando, em contrapartida, atrair pessoas e investimento sem perder a sua identidade rural.
O debate insere-se num ciclo mais alargado de encontros promovidos pelo Volta Coruche/25. O próximo está agendado para sábado, 5 de julho, às 10h00, no Auditório do Núcleo Rural de Coruche, e terá como tema central as políticas sociais, a habitação, a saúde e a educação.