
Há muito que Évora deixou de ser uma cidade cuidada. Hoje, é uma cidade cansada. Cansada da inércia, da sujidade e da ausência de resposta. Cansada, sobretudo, de uma Câmara Municipal que parece ter-se demitido da sua função mais básica: cuidar da cidade e de quem nela vive.
Quem percorre Évora nos dias de hoje vê uma cidade abandonada, suja e que reflete de forma clara a falta de ambição e de responsabilidade de quem a gere. Espaços verdes e carros ao abandono por todo o concelho, lixo acumulado nas ruas, estradas em ruínas, e uma situação muito preocupante de degradação cada vez maior dos bairros.
A desorganização que se vê nas ruas espelha, como não poderia deixar de ser, o caos instalado dentro do próprio executivo. O recente chumbo da proposta de prestação de contas do município relativas ao ano de 2024, chumbada por toda a oposição, é um aviso claro: a governação municipal chegou a um ponto de rutura.
Um dos sinais mais preocupantes é a ausência das reconciliações bancárias, não só relativas ao ano de 2024, mas também a anos anteriores. Ou seja, quem gere o orçamento da cidade não sabe ao certo quanto dinheiro tem. Um município que não sabe onde está o seu dinheiro está a falhar no mínimo exigível de organização e competência.
Não surpreende, por isso, que a dívida a fornecedores tenha aumentado para 2,5 milhões de euros e que o prazo médio de pagamento tenha quadruplicado. Este é um descontrolo financeiro e um desnorte tal de organização que não seria aceitável em qualquer organização. No setor público, o caso torna-se ainda mais grave e preocupante.
E a resposta da autarquia? Silêncio, fuga às responsabilidades e uma tentativa triste de colar tudo a um suposto ataque político com vista às próximas eleições autárquicas.
A cidade está a perder qualidade de vida, atratividade e até a sua autoestima. Estes são casos que, apesar de o executivo tentar esconder ao máximo, têm consequências trágicas para um concelho que se quer a desenvolver, crescer e prosperar em todas as frentes. Estes são indicadores que afastam famílias e desmotiva investidores. Ninguém se sente parte de uma cidade que é constantemente ignorada pelo poder que devia servi-la.
Na Iniciativa Liberal, não levantamos estas questões para marcar posição. Levantamo-las porque não podemos aceitar que Évora continue a ser tratada como um problema sem solução. Não nos conformamos com o estado calamitoso em que se encontra a cidade, nem com a satisfação dos cidadãos pelos mínimos básicos. Esta é uma cidade que merece muito mais do que aquilo que tem tido nos últimos anos, e sobretudo, os eborenses que a têm sustentado merecem respostas aos seus problemas, ao invés de desculpas que mais não fazem do que procurar escondê-los dentro da gaveta.
O próximo executivo eleito deve ser um executivo responsável e respeitador dos cidadãos, que não procura esconder os seus problemas, mas sim resolvê-los. Deve ser um executivo orientado para a atração de investimento, de construção de habitação, para a fixação dos jovens eborenses que todos os dias sentem na pele o desleixo do atual executivo da CDU.
Évora tem um potencial enorme para prosperar, estando numa posição privilegiada em que não necessita de atrair jovens, apenas de os fixar. Esse potencial não pode continuar a ser desperdiçado, mas sim aproveitado como motor para o desenvolvimento do nosso concelho.
Chegou o momento de virar a página e de se construir uma Évora digna do seu passado e à altura do seu futuro.