
Foi no dia 3 de fevereiro de 2025 – um dia depois de uma goleada (6-0), em casa, frente ao AD Samouquense – que os dirigentes do Vitória Futebol Clube deram por falta de uma quantia que rondava os 20 mil euros. Este valor estaria guardado no cofre do clube, situado nos serviços administrativos.
Parte desta quantia terá vindo dos fundos de bilheteira, fruto dos 1.210 espectadores presentes no jogo anterior, da 16º jornada da II Divisão Distrital de Setúbal, um número de espectadores atípico entre os clubes que militam no mesmo patamar.
O que mais chocou os adeptos e dirigentes foi que, de acordo com as perícias feitas pela Polícia de Segurança Pública, não existe qualquer sinal de arrombamento, nem às instalações do Estádio do Bonfim, nem à sala dos serviços administrativos.
Este facto levou a que, Carlos Silva, na altura Presidente da Comissão de Gestão do VFC, prestasse declarações à Agência Lusa em que levanta suspeitas sobre a possibilidade de este assalto ter sido conduzido por alguém da estrutura do próprio clube.
“Há suspeitos. Terá sido alguém que sabia onde estava o dinheiro, porque quem entrou foi direto ao local, sem arrombar portas”, recusando-se a prestar mais declarações.
Passados cinco meses deste furto e com uma nova direção eleita, nenhum órgão de comunicação social – nem os canais oficiais do próprio clube – voltaram a pronunciar-se sobre este tema ou a avançar com qualquer tipo de declaração.
No contexto das divisões distritais, em que a maioria dos jogadores são contratados em regime de “atleta amador”, a quantia de 20 mil euros pode fazer a diferença para um clube que desceu dos escalões cimeiros do futebol português exatamente por ter tido problemas financeiros, entre eles, vários salários em atraso.
Apesar do silêncio, o Diário do Distrito tem estado em contacto com o Núcleo de Imprensa e Relações Públicas da Polícia de Segurança Pública de Setúbal. Numa comunicação registada pelo Comandante Distrital da PSP, o Superintendente Carlos N. R. P. Resende da Silva, esclareceu-nos que “tratando-se de um processo-crime, cuja investigação está em curso, infelizmente não é viável fornecer qualquer informação acerca do mesmo”.
Entre questões e suspeitas que se levantaram, cinco meses depois, não existe ainda uma resposta para o que aconteceu no histórico Estádio Bonfim, de onde desapareceram duas dezenas de milhar de euros e dos quais ninguém parece querer falar, mesmo que exista a possibilidade de essa verdade estar no epicentro do próprio clube.