O Vice-Presidente do Centro Europeu de Voluntariado (CEV), George Thomson, defendeu que o voluntariado deve ser entendido como um processo profundamente pessoal e autêntico, que começa com a ligação interior de cada indivíduo e que, a partir daí, se projeta para a comunidade. As declarações foram feitas durante a conferência «Voluntariado e Inclusão: Caminhos para o Futuro», promovida pela Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, no âmbito das comemorações dos 25 anos do seu Programa de Voluntariado.

George Thomson afirmou que a sua própria perceção do voluntariado se transformou com a experiência, reconhecendo que «o voluntariado não é aquilo que eu pensava que era». Considerou que, mais do que uma prática de ajuda, o voluntariado é uma atitude de vida assente na verdade pessoal e na autenticidade. «Acho que o voluntariado é sermos verdadeiros com nós mesmos. É um caminho pessoal», afirmou, defendendo que a motivação do voluntário nasce do interior e que a ação social só tem verdadeiro impacto quando é construída a partir dessa base.

Num momento em que muitos países enfrentam uma redução do número de pessoas disponíveis para o serviço voluntário, Thomson alertou para a escassez de participação e apelou à mobilização social: «Os voluntários são escassos e precisamos de mais voluntários.» Reconheceu, no entanto, que a chave para essa mobilização está em reencontrar o lado humano das relações e dar visibilidade à bondade como motor de transformação.

«Penso que o ser humano é bom e precisamos disso na esfera pública», afirmou, sugerindo que o voluntariado pode ser um instrumento essencial para devolver ao espaço coletivo valores como a empatia, o cuidado e a generosidade.

George Thomson defendeu ainda que é fundamental agir com visão estratégica, apostando na criação de ligações concretas entre as pessoas e nas suas motivações mais profundas. «Temos de ter visão e fazer conexão com esses seres humanos. Temos de lhes mostrar que pode haver essa paixão», afirmou, referindo-se à necessidade de inspirar novas gerações a envolverem-se em causas comuns com propósito.

O dirigente europeu felicitou a Fundação Eugénio de Almeida pelo percurso construído ao longo de 25 anos, destacando a qualidade dos projetos, o envolvimento com a comunidade e o compromisso contínuo com a inclusão.