O Partido Social Democrata de Esposende anunciou publicamente a retirada de confiança política a Valdemar Faria, presidente da Junta da União de Freguesias de Apúlia e Fão, eleito em 2021 pelo partido. A decisão surge na sequência da divulgação de uma carta aberta do próprio autarca onde confirma a sua candidatura fora das listas do PSD nas próximas eleições autárquicas de outubro, optando por integrar um movimento independente.

A Comissão Política do PSD local classifica a posição de Faria como um ato de “falta de verdade” e “incoerência política”, acusando-o de trair a confiança dos eleitores e de ocultar os verdadeiros interesses que motivaram a sua saída da estrutura partidária.

PSD garante que recandidatura já estava assumida

Em reação à carta aberta dirigida às populações de Apúlia e Fão, o PSD de Esposende garante que Valdemar Faria aceitou formalmente recandidatar-se pelo partido nas autárquicas de 12 de outubro, compromisso assumido em janeiro deste ano com os responsáveis locais. A estrutura social-democrata nega, por isso, que tenha havido qualquer recusa da sua parte nesse processo, como agora tenta alegar publicamente.

“A tentativa de justificação apresentada na carta é demonstrativa da total falta de verdade que tem demonstrado ao longo dos últimos meses”, lê-se na nota da Comissão Política, que considera que o autarca “já não preenche os requisitos mínimos de respeito democrático e representação dos eleitores”.

Câmara Municipal investiu mais de 6 milhões na União de Freguesias

Contrariando também críticas lançadas por Valdemar Faria à alegada falta de apoio municipal, o PSD sublinha que entre 2021 e 2025 a Câmara Municipal de Esposende investiu mais de 6,1 milhões de euros em Apúlia e Fão. Desses, mais de 640 mil euros foram em apoios diretos e indiretos à Junta de Freguesia, sendo que o restante corresponde a obras e infraestruturas realizadas nas duas localidades.

O partido frisa ainda que “o Município esteve sempre presente no apoio à gestão da Junta, quer financeiramente, quer administrativamente”, e acusa o autarca de ter tido uma liderança limitada e dependente, marcada por confrontos políticos e falta de iniciativa.

Desagregação das freguesias foi conduzida pela Câmara

Outro ponto visado prende-se com a desagregação administrativa de Apúlia e Fão. Segundo o PSD, Valdemar Faria alheou-se por completo do processo, tendo sido a persistência da Câmara Municipal e do presidente Guilherme Emílio a garantir que a reposição da autonomia das freguesias se concretizasse.

“Não nos revemos nesta forma de fazer política”, afirma a Comissão Política do PSD, frisando que “estes não são os valores da Social Democracia” e que “esta não é como o partido trata os seus eleitos nem os cidadãos”.

Partido exige demissão imediata de Valdemar Faria

Face à quebra de confiança e à mudança de rumo do ainda presidente da Junta, o PSD de Esposende considera que Valdemar Faria deveria apresentar a sua demissão imediata, à semelhança do que já fizeram outros autarcas em situações semelhantes. O partido considera que o agora candidato independente deixou de ter legitimidade democrática para representar quem o elegeu em 2021 sob a bandeira social-democrata.

A rutura política entre Valdemar Faria e o PSD marca um dos momentos mais tensos no cenário autárquico do concelho de Esposende, a poucos meses das eleições, e poderá ter impacto direto na disputa eleitoral em Apúlia e Fão, onde a divisão política ameaça fraturar o eleitorado.