
Num cenário em que o acesso à habitação está em causa para muitos portugueses, seja por conta do aumento das rendas e preços das casas – especulação imobiliária e excesso de Alojamento Local (AL) – seja a pressão demográfica, especialmente nos grandes centros urbanos, exercida pelo aumento da população imigrante, levou a que muitas pessoas recorressem, em desespero, a apartamentos no centro de Lisboa com mais de 20 quartos (mais camaratas) ou até mesmo a armazéns onde se improvisaram camas.
Neste contexto de desespero, o aproveitamento de muitos senhorios, sobretudo de nacionalidade portuguesa, brasileira e paquistanesa, tem resultado em casas sobrelotadas e sem condições na parte de trás de lojas de conveniência ou ao aproveitamento indevido das igrejas evangélicas que converteram armazéns em locais de “habitação” com quartos a 400 euros.
O comunicado de imprensa publicado hoje pela Polícia de Segurança Pública (PSP) dá conta de um aumento significativo nas queixas de burlas por falso arrendamento. Só nos últimos três anos a PSP registou mais de 4 mil queixas deste tipo. Em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, existem mais 77 queixas registadas, registando assim um aumento de 25% neste crime.
Neste crime entram queixas por burlas financeiras – em que o arrendatário ou comprador faz a transferência da quantia para uma conta do criminoso e perde o rasto do anúncio, contacto e na maioria das vezes, do seu dinheiro – e os chamados falsos arrendamentos – em que o arrendatário paga uma renda sem sequer ter visto um contrato.
A PSP alerta ainda que estas burlas acontecem sobretudo online e nos anúncios em jornais, estando muitas vezes associadas a outros crimes como o roubo de identidade – muitas vezes os criminosos utilizam a identidade de outras vítimas para credibilizar a própria identidade.