O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP) acusou a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) de “intransigência” ao não aceitar um aumento salarial superior ao salário mínimo para os trabalhadores das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).

A denúncia foi feita durante uma manifestação realizada hoje no Porto, no dia em que os trabalhadores das IPSS cumprem uma greve nacional.

Em declarações à Lusa, a dirigente do CESP, Ana Paula Rodrigues, criticou a postura da CNIS, que, segundo ela, tem apresentado propostas de aumento salarial baseadas apenas no valor do salário mínimo nacional.

“Nós não aceitamos que se continue, ano após ano, a manter estes trabalhadores, que têm uma importância máxima para a comunidade, a ganhar o salário mínimo”, afirmou, sublinhando que a postura da confederação não é nova e persiste há anos.

A dirigente explicou que, durante as negociações, o CESP propôs um aumento de 150 euros para os trabalhadores das IPSS, mas a CNIS respondeu com uma oferta de apenas 50 euros, que, segundo Ana Paula Rodrigues, acaba por ser absorvida pela tabela salarial para atingir o valor do salário mínimo, posteriormente, o sindicato reformulou a proposta, oferecendo 80 euros, mas esta também foi rejeitada.

Além da questão salarial, os trabalhadores das IPSS também exigem melhores condições de trabalho, com destaque para a redução da carga horária. O CESP defende que a jornada laboral deve ser limitada a 35 horas semanais para todos os trabalhadores, garantindo o direito à conciliação entre trabalho e vida familiar.

“Os horários de trabalho devem ser regulados, especialmente no que se refere ao descanso complementar, que atualmente é dividido em meios-dias, fazendo com que as instituições estabeleçam horários que obrigam os trabalhadores a estar praticamente sete dias por semana ao serviço”, explicou Ana Paula Rodrigues.

A questão dos horários foi igualmente abordada por Filipa Quintas, trabalhadora numa IPSS há oito anos, que participou na manifestação. “É difícil acompanharmos os nossos filhos quando trabalhamos todos os dias, acabamos por estar a acompanhar os filhos e os pais dos outros e quase que abandonamos os nossos”, lamentou.

Os trabalhadores das IPSS também exigem que seja atribuído um complemento salarial pelo trabalho aos domingos e feriados, que atualmente é pago como um dia comum de semana.

O CESP afirma que, com cerca de 200 mil trabalhadores nas IPSS, esta é uma reivindicação central para melhorar as condições de trabalho e garantir maior justiça para estes profissionais que desempenham um papel crucial na sociedade.