A Vanpro, empresa especializada na produção de assentos automóveis, vai despedir mais de 450 trabalhadores até ao final de 2025, após ter perdido o contrato com a Autoeuropa para fornecimento do novo modelo híbrido da Volkswagen. A decisão representa um duro golpe para o tecido laboral da região de Palmela, onde a empresa opera há décadas e onde tinha no grupo Volkswagen o seu único cliente.

A rutura do contrato ocorre após três décadas de colaboração contínua entre a Vanpro e a Autoeuropa. A fábrica da multinacional alemã optou por um novo fornecedor para os assentos da nova versão híbrida do modelo T-Roc, que deverá começar a ser produzido no final deste ano. Como consequência, a Vanpro anunciou a paragem total da produção já em outubro de 2025.

Perante esta decisão, os trabalhadores têm tentado, desde o ano passado, encontrar alternativas que lhes permitam manter os postos de trabalho ou transitar para outras empresas da região. Segundo fonte próxima da administração, são discutidas diversas formas de minimizar o impacto social, incluindo a possibilidade de alguns trabalhadores serem integrados na nova empresa fornecedora ou absorvidos por outras unidades do parque industrial de Palmela, nomeadamente pela própria Autoeuropa.

Apesar do corte profundo, a Vanpro comprometeu-se a garantir indemnizações acima dos valores legais para os trabalhadores afetados, num esforço para atenuar o choque social e económico da medida. Ainda assim, o futuro de centenas de famílias permanece incerto, com os sindicatos a acompanhar o processo e a exigir soluções concretas.

A notícia do despedimento coletivo acontece num contexto de reorganização da cadeia de fornecimento da indústria automóvel, cada vez mais voltada para a mobilidade elétrica e híbrida. A escolha de um novo parceiro para os interiores do T-Roc, embora estratégica para a Autoeuropa, tem implicações dramáticas para os trabalhadores da Vanpro, que se veem agora sem rede de apoio.

A fábrica da Vanpro foi, durante anos, um dos pilares da subcontratação automóvel em Portugal. Esta decisão evidencia a fragilidade das empresas altamente dependentes de um único cliente, mesmo quando esse cliente é um dos maiores fabricantes mundiais de automóveis.