O Google Cloud Day 2025 assinala um novo ponto de viragem na estratégia da Google em Portugal: acelerar a aplicação prática da inteligência artificial (IA) nas empresas e instituições públicas, com foco na utilidade imediata, na acessibilidade e na responsabilidade.

Sofia Marta, com mais de duas décadas de experiência em tecnologia e consultoria, sublinha que “2025 será o ano em que a infraestrutura de IA será usada sobretudo para a execução de casos de uso e não apenas para o treino de modelos.” É o culminar de uma transição que vem sendo preparada com rigor, aliando maturidade tecnológica à robustez dos dados.

Gemini em produção

A mais recente geração de modelos de IA da Google, Gemini, já está amplamente integrada nos produtos da empresa, como Gmail, YouTube e Google Drive, e começa a ser aplicada em soluções empresariais. Um dos destaques é o novo tradutor em tempo real, já disponível em português de Portugal, que demonstra o compromisso da empresa com a acessibilidade linguística numa economia global.

Empresas como a Sonae, Jerónimo Martins, NOS, Caixa Geral de Depósitos, Superbock, Benfica e Sogrape já estão a operar com soluções baseadas em IA generativa. A Google destaca estas parcerias como modelos de adoção real, com resultados mensuráveis e impacto direto em eficiência operacional, customer experience e modernização de processos.

A chave está nos dados

Para Sofia Marta, o sucesso da IA depende da qualidade dos dados: “Estes projetos só têm impacto se os dados estiverem arrumados e bem governados.” A migração de infraestruturas on-premise para a cloud é, neste sentido, um passo fundamental, não apenas tecnológico mas também cultural.

A Google responde com soluções como a Agent Space, que permite criar agentes conversacionais em ambientes empresariais sem necessidade de código, democratizando o acesso à automação inteligente.

Regulação, privacidade e soberania

Numa Europa fortemente regulada, a Google mostra-se sensível às exigências locais: certificações específicas, opções de soberania de dados e ferramentas como o Google Distributed Cloud — uma cloud “air-gapped” que oferece os benefícios da IA mesmo em ambientes isolados — fazem parte da resposta.

“O custo da tecnologia caiu drasticamente. Hoje, é possível fazer mais, melhor e por menos”, sublinha Sofia Marta. O modelo Gemini 2.5 Flash é, segundo a executiva, um dos mais competitivos em termos de performance/preço no mercado.

Capacitação: o maior investimento

Mais do que vender soluções, a Google quer garantir que as organizações sabem utilizá-las. Iniciativas como o programa Impulso AI, a parceria com a Escola 42 e projetos com universidades como a Católica e a Kellogg School visam preparar quadros e jovens para a nova era da IA.

Para Sofia Marta, o futuro depende da velocidade de aprendizagem: “O ritmo de inovação é alucinante. Formar e partilhar conhecimento é a única forma de acompanhar.”

Três desafios para Portugal

Para a líder da Google Cloud, os desafios prioritários são nada mis nada menos que: acompanhar o ritmo tecnológico global, maximizar o impacto económico da IA em Portugal e posicionar o país como referência internacional em boas práticas de adoção tecnológica.

Com a IA a prometer até 8% de impacto adicional no PIB, a Google pretende ser um catalisador, mas aposta num modelo colaborativo: só com dados bem preparados, formação sólida e parcerias estratégicas se pode transformar a promessa em realidade.