
A Bosch reafirma o seu lugar na linha da frente da transformação industrial sustentável. No seu mais recente Relatório de Sustentabilidade, referente ao ano de 2024, a multinacional alemã não só apresenta progressos mensuráveis na redução da pegada ambiental, como eleva a fasquia para a próxima década. O compromisso é inequívoco: crescer, mas com responsabilidade.
“Na Bosch, não queremos apenas crescer, mas fazê-lo de forma responsável, minimizando o nosso impacto no ambiente e gerando valor para as pessoas”, sublinha Stefan Hartung, presidente do conselho de administração da empresa. A afirmação resume a visão de longo prazo de um grupo industrial que, mais do que seguir as tendências da transição verde, pretende moldá-las.
Desde 2020, a Bosch atingiu a neutralidade carbónica nas mais de 450 localizações que opera mundialmente. Este feito, sustentado em quatro pilares — eficiência energética, geração própria de energia renovável, aquisição de eletricidade verde e compensação residual por créditos de carbono — permitiu reduzir, em apenas cinco anos, 123 milhões de toneladas de CO₂ ao longo da cadeia de valor. O equivalente, em termos comparativos, às emissões anuais de um país como a Bélgica.
Em 2024, 99,5% da eletricidade utilizada teve origem em fontes renováveis, e 197 GWh foram produzidos diretamente nas suas instalações, o suficiente para abastecer 60 mil habitações.
Para 2030, a Bosch ambiciona uma redução de 30% nas emissões indiretas de carbono (âmbito 3), face a 2018. Uma meta particularmente exigente, dado que inclui fornecedores e o próprio uso dos produtos pelos clientes — uma extensão de responsabilidade rara no setor industrial.
Com mais de 7.000 projetos de eficiência energética implementados desde 2019, a Bosch soma uma poupança acumulada de 1.144 GWh. Em 2024, só a unidade de Łódź, na Polónia, conseguiu reduzir em 31% o consumo de aquecimento graças a um sistema inteligente de gestão energética.
A empresa reservou mil milhões de euros até 2030 para continuar a reduzir consumos e aumentar a eficiência em escritórios e fábricas — uma abordagem de longo prazo que alia racionalidade económica e responsabilidade ambiental.
A aposta na economia circular é cada vez mais transversal. A Bosch redesenha produtos para prolongar o seu ciclo de vida, promover a reparabilidade e reduzir o uso de matérias-primas críticas. O programa Bosch eXchange permite substituir peças automóveis por versões remanufaturadas, enquanto acessórios de ferramentas elétricas já incorporam até 20% de carboneto reciclado. Paralelamente, a iniciativa BlueMovement disponibiliza eletrodomésticos por subscrição, promovendo a reutilização.
Gestão de água e biodiversidade
Nas regiões com escassez hídrica, a Bosch reduziu o consumo de água em 28,5%, superando antecipadamente os objetivos traçados para 2025. Em paralelo, a empresa aplica modelos de análise climática e de biodiversidade em todas as suas unidades, identificando riscos como secas ou tempestades e ajustando operações ao contexto ambiental local.
A par dos resultados ambientais, a Bosch reforçou também o seu compromisso com a equidade e os direitos humanos. Em 2024, 20,4% dos cargos de direção foram ocupados por mulheres, com o objetivo de atingir os 25% até 2030. A taxa de acidentes de trabalho caiu para 1,46 por milhão de horas trabalhadas — o melhor registo de sempre.
Mais de 80% dos fornecedores diretos foram avaliados segundo critérios de sustentabilidade e conduta ética, num esforço de alargamento da diligência devida a toda a cadeia de fornecimento.
Em Braga, a Bosch protagoniza um dos projetos mais emblemáticos da sua estratégia de descarbonização. Entre 2022 e 2023, foi instalado um sistema de bomba de calor geotérmica, apoiado por 140 sondas a 133 metros de profundidade. Trata-se de uma das maiores centrais geotérmicas de Portugal Continental e permite à unidade operar exclusivamente com energias renováveis.
Com este sistema, estima-se uma redução anual de 600 toneladas de CO₂. A par da geotermia, a unidade integrou ainda medidas complementares como a recuperação de energia de equipamentos existentes, chillers de alta eficiência e monitorização contínua de sistemas AVAC. No total, as iniciativas representam uma poupança de 5.740 MWh de gás natural e evitam cerca de 1.160 toneladas de emissões de CO₂ por ano.
Com o horizonte de 2030, a Bosch traça um plano e quer chagar aos 400 GWh de energia renovável gerada internamente, 100% de eletricidade verde em todas as operações, e uma poupança energética acumulada de 1,7 TWh — o equivalente ao consumo anual de mais de meio milhão de habitações.
No domínio dos recursos naturais, a meta é reduzir em 25% o consumo de água em regiões com escassez. Na frente laboral, a ambição é descer a taxa de acidentes para menos de 1,45 por milhão de horas e garantir maior representação feminina nas chefias.
No campo ético, todos os fornecedores de risco deverão ser avaliados até 2030. E no eixo da circularidade, a Bosch compromete-se a redesenhar produtos, expandir a remanufatura e reduzir ao mínimo a extração de novos materiais.
Num momento em que os consumidores, investidores e reguladores exigem mais do que intenções, a Bosch oferece um exemplo de como a sustentabilidade pode ser integrada no modelo de negócio industrial sem comprometer a inovação ou a competitividade.
Ao alinhar ambição climática com ação concreta — da instalação geotérmica em Braga à reengenharia global da cadeia de valor — a empresa alemã deixa claro que o futuro da indústria passa por decisões corajosas tomadas hoje.